Se o Partir de Portugal não foi uma canção de embalar e se o chegar e ficar na Guiné não foi fácil, o regressar a Portugal foi ainda mais difícil.
Vim, mas deixei-me lá.
Vim, mas trouxe as tatuagens de sofrimento daquela gente.
O adeus que disse à Guiné foi embrulhado num vendaval de emoções e foi escrito com letras dolorosas que me deixaram os olhos marejados de saudade.
Soltei amarras e deixei a Guiné, mas trouxe comigo, como que assolapada, a vontade de um dia lá voltar. E isso aconteceu! Em Janeiro de 2008 parti do Porto, num jipe, e atravessei Portugal, o estreito de Gibraltar, Marrocos, Saara Ocidental, Mauritânia, Senegal, Gâmbia até chegar à Guiné. AS dificuldades da viagem tão longa e tão difícil foram esquecidas pela infinita alegria de rever tantos rostos já conhecidos e sempre amáveis e tranquilos, apesar de maquilhados de tanto sofrimento, e de poder deixar às Missionárias Espiritanas o Jipe que foi comprado com o dinheiro do livro “Sinfonia das Palavras” que escrevi durante o ano em que permaneci na Guiné.
Emfim, a experiência missionária de um ano na Guiné e a viagem de Jipe, que dorou treze longos dias, não me tornaram nem melhor nem pior, mas fizeram-me ficar diferente e constituíram o tempo mais fantástico e a experiência mais extraordinária da minha vida de homem e de padre. Agradeço a Cristo, o Missionário do Pai, por me ter concedido dom tão inolvidável.
In Edição especial Agência Ecclesia – Em Missão, Out '08
Texto: P. Almiro Mendes
Foto: DR
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