segunda-feira, 30 de maio de 2011

IRMÃ BLEZI, FRANCISCANA HOSPITALEIRA DA IMACULADA CONCEIÇÃO: DA PSICOLOGIA À VIDA CONSAGRADA

Chamo-me Blezi. Tenho 28 anos, sou brasileira e resido em Portugal há 3 anos e 6 meses. Sou noviça da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição.

Vou partilhar um pouquinho com vocês a minha história; ou melhor, como Deus me segurou. Nasci numa família cristã. Tenho 1 irmão e 2 irmãs. Desde pequena, meus pais me levavam à Eucaristia. Tive uma infância normal; brincava muito com meus irmãos e meus primos. Aos 7 anos, minha mãe ensinou-me que, quando eu rezasse uma avé-maria bem rezada, era uma flor que eu oferecia a Maria. Desde então, tive sempre muito carinho para com Nossa Senhora. Desde pequena, rezar o terço era como oferecer um ramo de flores a Maria.

Na minha adolescência, confesso que era um pouco marota; aprontava algumas, mas eram brincadeiras normais. Com 14 anos, entrei para o movimento dos Focolares. Estava sempre activa a participar com os jovens. Tive sempre tudo o que precisava, desde carinho até às coisas mais supérfluas. E, como todo jovem, tinha muitos sonhos, como tirar um curso na universidade, trabalhar, casar, etc. Uma vida normal.

Uma vez, fui participar num encontro de jovens. Lá escutei uma consagrada falar sobre sua vida e, ao falar, ela transmitia muita alegria. Naquela hora, eu senti no coração vontade de ser feliz como ela.

A vida continuava. Com 18 anos, entrei para a universidade de Psicologia. Deus permitia assim, que meus sonhos começassem a se realizar. Estudava e, ao mesmo tempo, trabalhava: dava aulas numa universidade. Ao terminar o curso, fui trabalhar numa escola, acompanhando crianças e adolescentes. Mas, aquela chama no coração ainda permanecia. E sempre que eu encontrava uma religiosa ou uma consagrada, meu coração acelerava. Nessa época, tinha eu um namorado que também participava do movimento dos Focolares. Mas, para mim, eu estava traindo, porque no meu coração eu sentia coisas diferentes; no entanto, havia o sonho normal: casar. Procurei uma pessoa para me ajudar a discernir. Vimos que o melhor seria eu terminar o namoro. Aquela decisão era difícil, mas consegui, porque sabia que o faria sofrer.

(CONTINUA NO PRÓXIMO POST...)

Texto: Tony Neves in Jornal Voz Veradade - Perfil

Foto: DR

quarta-feira, 25 de maio de 2011

IRMÃ JUSTINA CÂMBIZI, DOMINICANA DE SANTA CATARINA: FAZER BEM SEMPRE E ONDE FOR POSSÍVEL - Conclusão

Missão em Angola

Angola seria a sua primeira terra de Missão, onde trabalhou dois anos: “Estive na direcção do Colégio Santa Maria Goreth e como professora da Língua Francesa e Educação Moral e Cívica, em Ndalatando. Ali trabalhei também na pastoral juvenil e vocacional, catequese e visita às famílias, sobretudo as mais pobres; Em 1999 estive em Luanda e trabalhei como professora da Língua Francesa e de Educação Moral e Cívica; trabalhei também com a catequese e a Infância missionária”.

S. Paulo, do outro lado...

Depois, passou o mar e chegou ao Brasil onde viveu nove intensos anos da sua vida Missionária, em S. Paulo: “Fiz a licenciatura em Filosofia e o Bacharelato em Teologia. Trabalhei como Professora do Ensino Religioso, no Colégio Santa Catarina de Sena, na Pastoral Vocacional, Professora no aspirantado e postulantado e Mestra das Junioras. E a visita às famílias, sobretudo em Santo Amaro, periferia de São Paulo”.

Finalmente, Lisboa...

Finalmente, voltou a atravessar o Atlântico para continuar a sua Missão em Lisboa, após nomeação para Conselheira e Secretária Geral da Congregação. Mas não quer reduzir a Missão a um trabalho administrativo e burocrático: “Trabalho também com a catequese em duas escolas, o Externato São José do Restelo e a Escola Príncipe Carlos; Semanalmente mais de cento e trinta catequizandos perpassam a minha vida e experiência. É grande responsabilidade! Que a graça de Deus os ajude a ser grandes amigos de Jesus e construtores do seu Reino. Actuo também na pastoral vocacional e sou membro dos Animadores Missionários Ad Gentes” (ANIMAG).

Como objectivo de vida, guarda o carisma da sua Congregação: “Fazendo o bem sempre e onde seja possível, sou feliz por sentir a infalível presença da Trindade Santa em cada instante da minha vida, projectos e missão”.

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade – Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 23 de maio de 2011

IRMÃ JUSTINA CÂMBIZI, DOMINICANA DE SANTA CATARINA: FAZER BEM SEMPRE E ONDE FOR POSSÍVEL.

Nasceu em Cabinda, estudou e trabalhou no Congo Democrático, mas as Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena tomaram conta da sua vida. Depois da sua formação e de alguns anos de Missão por terras de Angola, foi enviada ao Brasil para ser formadora e professora nas periferias pobres de S. Paulo. Nomeada Conselheira e Secretária-Geral da Congregação, veio parar a Lisboa onde abre sempre espaços para a pastoral, seja através da Catequese ou das Missões que realiza no âmbito dos Institutos Missionários Ad Gentes.

Cabinda, o berço

Nasceu em Cabinda e é a mais nova de sete irmãos. A família é católica e empenhada na Comunidade: “Desde pequenina, a vida religiosa foi penetrando a minha vida sem que eu me apercebesse ou entendesse. Contam as minhas irmãs que, aos 6 anos de idade, eu já dizia que não iria casar nem ter filhos. Ninguém acreditava, nem entendia o que eu queria dizer com isso”.

Congo Democrático...

Quando, aos 13 anos, disse aos pais que queria ser Religiosa, eles ficaram muito felizes. Justina estava a estudar e tinha, entre outras, duas grandes amigas com quem ia partilhando os seus sonhos de futuro. Foram as três, em 1984, estudar para o Congo Democrático, sendo internas no Lycée de Kangu, fazendo o curso técnico de Bio-Química. Diz a Justina: “A experiência do internato foi já uma iniciação à vida de missionária que levo”.

Após concluir os 6 anos de curso, a Justina trabalhou, durante um ano, como Professora e Auxiliar da Direcção do Internato onde vivia. Mas, em 1992, pediu a demissão, deixou o Internato e Congo e voltou a Cabinda: “Sentia que a idade estava a avançar e era urgente concretizar o meu desejo de consagração religiosa. Tornei a falar com os meus pais e eles consentiram e apoiaram a ideia. Tinha a luz verde dos meus pais”.

Com as Dominicanas...

Conheceu a Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena através de um jornal que relatava a sua missão na Igreja: “Gostei e quis aprofundar. Ajudada por um amigo seminarista, entrei em contacto com uma delas… Na data combinada, 28 de Novembro de 1992, fui, acompanhada pelo então bispo da Diocese de Cabinda, D. Paulino Madeca, de grata memória. Ele levou-me e entregou-me às Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, em Luanda”. Fez a Formação para a Vida Religiosa em Luanda, professando em 1996 com mais seis colegas. Era o início de uma nova fase da sua vida e da sua Missão.

(CONTINUA NO PRÓXIMO POST…)

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade – Perfil

Foto: DR

quarta-feira, 18 de maio de 2011

HELENA OLIVEIRA, IRMÃ DO AMOR DE DEUS: ANUNCIAR O EVANGELHO ÀS NOVAS GERAÇÕES - Conclusão

Da Serafina a Roma

Entretanto, o encontro com os mais pobres deu-se no Bairro da Serafina, em Lisboa: “Era um bairro problemático e pobre, o que me dava alguma ‘recompensa’ interior. Mas, ao mesmo tempo, ao contactar com a pobreza, percebi que as pessoas estavam muito habituadas ao paternalismo, ao não fazerem nada para sair da sua situação decadente. E muito do esforço educativo que tentávamos fazer era rejeitado, porque estavam mais cómodos assim”. A Helena estava num externato onde foi directora pedagógica três anos, depois de lá ter estado dois como professora de Ciências e de EMRC.

As ‘democracias’ da Vida Consagrada têm as suas consequências e foi eleita Conselheira da Provincial e, dois anos mais tarde, nomeada Secretária Provincial, tendo que deixar a Serafina e ir para a Casa Provincial. No Capítulo seguinte, saiu do governo e foi nomeada coordenadora da pastoral da Congregação. Para exercer este cargo com competência, estudou Animação da Pastoral Juvenil, estando três anos em Roma, na Pontifícia Universidade Salesiana.

De regresso a casa, foi colocada, até hoje, no Colégio do Amor de Deus, em Cascais, onde assume a coordenação da pastoral do Colégio e de toda a Província.

Formação e Pastoral Juvenil

Outras portas se vão abrindo à missão da Irmã Helena. Ela partilha dois convites que considerou irrecusáveis: “Fui convidada a dar aulas na Escola Razões da Esperança da diocese de Leiria-Fátima, onde de 15 em 15 dias à noite vou partilhar com os catequistas da formação geral algo do que aprendi e da minha experiência. Também comecei a participar no Conselho Nacional da Pastoral Juvenil e, agora, por convite do Director Nacional da Pastoral Juvenil, pertenço à comissão permanente do DNPJ”.

Olha o futuro com confiança: “Apesar de tudo, acho que vale a pena arriscar em ser Irmã do Amor de Deus. Hoje mais do que nunca são precisos sinais vivos do amor, que é a única coisa que realiza plenamente e dá a verdadeira felicidade”.

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade – Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 16 de maio de 2011

HELENA OLIVEIRA, IRMÃ DO AMOR DE DEUS: ANUNCIAR O EVANGELHO ÀS NOVAS GERAÇÕES


Filha de operários, neta de sacristão, cedo quis ser Irmã, mas só a maioridade permitiu dar esse passo. A paixão pela pastoral e pelos jovens fê-la andar pelas vielas do Bairro da Serafina e pelos corredores do Colégio de Cascais. Depois de especialização em Roma, coordena a pastoral da sua Congregação, dá aulas em Leiria e pertence à Comissão Permanente do Conselho Nacional da Pastoral Juvenil. Tudo por causa do Amor gratuito de Deus.

De Ílhavo às Irmãs do Amor de Deus

Filha de operários da Vista Alegre e neta de sacristão, a Igreja sempre fez parte da sua história. Filha única até aos nove anos, viveu a alegria de ter dois irmãos de uma vez só, completando assim a família. Sobre os primeiros anos por terras da Carvalheira de Ílhavo, confessa: “Foi uma infância que eu considero muito feliz e cheia de aventuras próprias da idade. Adorava andar na escola e sonhava ser professora”. Foi catequista e animadora juvenil. Conheceu as Irmãs do Amor de Deus, mas a família sempre se opôs à ideia dela ser Religiosa. Foram anos de tormento, como confessa a Irmã Helena, mas não parou a sua busca. E “como o fruto proibido é o mais apetecido, eu ia na mesma encontrar-me com elas e aliás, até passei a visitar outras ao fim de semana, quando não ia ao baile!”.

Só aos 18 anos obteve a autorização para sair de casa e fazer uma experiência vocacional com as Irmãs. Estávamos em Setembro de 1985, altura em que várias pessoas se prontificaram para ir convencer os pais da Helena, tentando ajudá-los a respeitar a sua decisão.

Ser para os outros...

O que é que a movia? Resposta pronta: “Essencialmente ser útil a tempo inteiro, de preferência em África. Dentro de mim havia uma urgência de ser para os outros a tempo inteiro. A descoberta do anúncio de Jesus surgiu mais tarde, já no caminho de formação. Neste, fiz uma descoberta que me fascinou e me mantém até hoje nesta caminhada de construção da fidelidade: Deus habita-me e é n’Ele que existo, sem Ele eu não sou eu! Esta descoberta fez nascer dentro de mim a vontade de o anunciar a todos. Deus é Amor e ama a cada um incondicionalmente!”.

Ser sempre a manifestação do amor gratuito de Deus na história das pessoas foi o carisma que a fascinou e tomou por dentro. Estudou Biologia, via ensino, na Faculdade de Ciências do Porto. Ainda durante o curso foi dando aulas de EMRC e de Ciências no Colégio Nossa Senhora de Lourdes no Porto.

(CONTINUA NO PRÓXIMO POST…)

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade – Perfil

Foto: DR

quarta-feira, 11 de maio de 2011

P. NUNO COELHO, PÁROCO DE CASCAIS – MISSÃO EM S. TOMÉ E PRÍNCIPE, MOÇAMBIQUE OU NA LINHA - Conclusão


S. Tomé e Príncipe e Moçambique

O P. Nuno recorda o impacto de uma visita a Cabo Verde de um seu formador que veio fascinado e do desafio que o Pe Daniel lhe lançou para passar o mês de férias na Ilha do Príncipe, ao abrigo da geminação entre o Príncipe e a Ramada: ‘Foi uma experiência extraordinária. A pessoa de Jesus, o testemunho simples, próximo, gratuito, sincero, heróico, daqueles que se enamoraram por Ele dá mesmo fruto a seu tempo. Como eu estive lá pouco tempo, em alturas de férias, de festas, tudo me pareceu paradisíaco e fecundo. Quero acreditar que também o foi. Entretanto, já lá voltei outra vez e, no próximo verão, se Deus quiser, lá estarei de novo’.

Acompanhar a Equipa d’África, um grupo de jovens universitários com carisma de servir os outros, foi outro dos grandes desafios missionários do P. Nuno, projecto que o levaria a Moçambique, onde se sentiu peregrino.

Missão em Cascais

Foi nomeado para Cascais com 30 anos: ‘É óbvio que fiquei com um bocadinho de receio, mas a reacção da minha família e dos amigos mais próximos ainda me fez tremer um bocadinho mais. Quando lhes dizia que ia para Cascais o diálogo era sempre o mesmo:

- Mas Cascais, onde mesmo?

- Cascais, Cascais.

- E vais ajudar que Prior?

- Vou ser eu o Prior.

- Mesmo?!

- Sim!

E o tom que ficava no ar era sempre de um espanto descrente’.

O P. Nuno explica como se sente Missionário em Cascais: ‘Encontrei uma paróquia com potencialidades ímpares. Mas, eu próprio, ainda tenho de aprender a ser pároco, pastor. Vou dando o meu melhor e vou exercitando a virtude da paciência (própria de um semeador). A missão numa grande paróquia não é diferente das outras, embora possa ser humanamente mais desafiante e enriquecedora. Mas o que continua a deixar marcas e a puxar por mim é o contacto pessoal, próximo, nos momentos de festa ou de sofrimento e dor, na intimidade das famílias ou no púlpito da Igreja’.

E deixa uma promessa: ‘Quero servir a Igreja sempre, onde quer que for. Aliás o meu “sonho” ainda é ir para Timor onde o meu pai cumpriu parte do serviço militar. As fotografias e as histórias que ele contava deixaram o “bichinho”, talvez um dia…

Ser padre é mesmo bom!’.

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade – Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 9 de maio de 2011

P. NUNO COELHO, PÁROCO DE CASCAIS – MISSÃO EM S. TOMÉ E PRÍNCIPE, MOÇAMBIQUE OU NA LINHA

A família indicou-lhe o caminho da Igreja. Nesta foi descobrindo os caminhos da Missão. As Comunidades e grupos por onde se empenhou, abriram-lhe as portas de África por onde andou e se sentiu feliz. Nomeado para Cascais, aqui vai descobrindo novos horizontes para uma Missão que não tem fronteiras. Este verão vai regressar a S. Tomé e Príncipe.

De Paço D’Arcos ao Altar

Teve uma infância feliz numa família muito praticante, por onde passavam Padres que ele aprendeu a admirar. Aos 17 anos, entrou no Seminário de Caparide, onde estaria 13 anos, oito como seminarista e cinco como Padre: ‘O tempo de seminário foi um espectáculo. Foi também difícil, exigente. Quando se entra tão novo, as dúvidas, as perguntas, a própria maturação humana, têm de ser feitos lá. O que não torna a estadia tão serena como se possa pensar, mas ajuda-nos a fazer uma caminhada enorme e bem feliz. Aprendi a conhecer melhor a Igreja. No Seminário, vínhamos de várias proveniências (paróquias, movimentos…) Além disso, eram também as congregações religiosas. Na faculdade, a nossa turma era uma autêntica “salada de frutas” (Dehonianos, Espiritanos, Dominicanos, Franciscanos, Capuchinhos, Baptistas, Padres Operários, Monfortinos, Irmãos de S. João de Deus, Verbitas, Consolata, Vicentinos, Diocesanos de Setúbal, Santarém, Funchal…) de todas as nacionalidades’.

Tudo isso lhe deu a oportunidade de manter um olhar aberto, atento, próximo da diversidade da Missão na igreja.

Missão em Lisboa

Ordenado Padre, manteve-se no Seminário de Caparide, também a trabalhar com o Pré-Seminário: ‘Estar no coração da Diocese, ainda para mais acompanhado por padres extraordinários foi importantíssimo nesta primeira fase da vida sacerdotal. Enquanto estive no seminário, não deixei de encher a agenda, de estar próximo dos padres, das paróquias, dos movimentos. Eram frequentes, os retiros, as conferências, as catequeses, as pregações…’.

A Missão em África foi ganhando forma no coração do P. Nuno desde muito cedo, sobretudo através da Paróquia da Ramada (com o P. Daniel), da Equipa d’África e das equipas de Jovens de Nossa Senhora, com quem viria a partir em Missão para Moçambique e S. Tomé e Príncipe.

(CONTINUA NO PRÓXIMO POST…)

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade – Perfil

Foto: DR

quarta-feira, 4 de maio de 2011

ELIZABETH CARRILLO, MISSIONÁRIA COMBONIANA – EQUADOR, BRASIL, MOÇAMBIQUE, PORTUGAL… - Conclusão


Com o povo Macua em Nacala

Passados oito anos no Brasil, em 1997 partiu para África, o continente amado de São Danile Comboni, o fundador: ‘fui destinada ao Norte de Moçambique, a Nacala, na província de Nampula. Era a minha primeira vez em África, terra de sonhos e de realidades penetrantes. Outro mundo diferente abria-me as portas, Deus mostrava-me outra face do Seu mesmo ser. Encontrei uma terra fascinante, quente, alegre, espaçosa, rica apesar de sua pobreza; gente forte que sabe viver e sobreviver a todas as tragédias da vida’. Ali, a Irmã Betty trabalhou na formação de catequistas, animadores(as) de comunidades, na formação e acompanhamento dos professores das escolas comunitárias e na formação da mulher, no povo macua, é quem mais trabalha para o sustento da família. Foi ainda responsável de um lar que acolhia meninas pobres que, assim, podiam frequentar a escola pública.

Avalia assim a passagem por Moçambique: ‘O povo macua ensinou-me e ajudou-me a não ter medo, a ter coragem e a saber defender e denunciar quando é justo e necessário. Admiro a simplicidade e a tenacidade deste povo para conseguir os seus objectivos, fui sempre bem acolhida entre eles, senti-me amada e respeitada’.

De Portugal a África

Portugal recebeu-a em 2005 para dirigir o jornal ‘Evangelizar Hoje’ e partilhar a sua experiência missionária com o povo português, através da animação missionária. Em Lisboa faz parte da Comissão de Justiça e Paz dos Religiosos /as e do CAVITP (Comissão de Apoio às Vitimas de Tráfico de Pessoas).

Após seis anos de Portugal, a África volta a estar na linha do seu horizonte Missionário. Confessa a sua alegria: ‘Ser missionária para mim é ser peregrina e migrante através de um Deus presente em todos os lugares. Ele é o próximo que encontro, aqui e mais além, que me faz feliz e me vai mostrando um pouco do Seu ser em cada pessoa, e em cada lugar’. As malas estão feitas e a disponibilidade para partir faz parte do ser Comboniana.

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade – Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 2 de maio de 2011

ELIZABETH CARRILLO, MISSIONÁRIA COMBONIANA – EQUADOR, BRASIL, MOÇAMBIQUE, PORTUGAL…


Nasceu no Equador, estudou Informática, mas a Missão agarrou-a por dentro, tocada pelo testemunho radical de Monsenhor Proaño e … partiu. As favelas e os povos indígenas do Brasil, os pobres de Nacala e os excluídos de Lisboa são o horizonte alargado da sua missão sem fronteiras. As malas estão feitas para o regresso a África.

Da Informática à Vida Consagrada

Nasceu e cresceu num ambiente de fé. Fez a secundária num Colégio de Irmãs e estudou Informática na Universidade de Quito, capital: ‘para mim, era esta a profissão que prometia futuro, e com isso, eu chegaria aonde queria. Mas Deus desviou o meu caminho e serviu-se daquilo que me perturbava: os mais pobres. Nunca entendi tantas diferenças e injustiças; isto incomodava-me, magoava-me’.

A Betty é tocada pelo testemunho heróico de Monsenhor Proaño, chamado o ‘Bispo dos Índios’, no Equador: ‘Proaño foi e é um exemplo de solidariedade, junto dos indígenas, defendeu as suas terras e os seus direitos; conseguiu que fossem reconhecidos como equatorianos, cidadãos de valores e tradições diferentes. O seu exemplo sacudia a minha consciência: O que estás a fazer com a tua vida? Foi através da sua pessoa e do seu exemplo que Deus mudou o meu rumo’.

Os pais não aceitaram a sua decisão, mas entrou no Instituto das Irmãs Missionárias Combonianas em 1984.

De Curitiba á Rondónia

Após a primeira formação, foi para Curitiba, no Brasil, onde estudou Teologia, fazia catequese numa favela e pastoral carcerária, uma experiência muito dura, mas onde sentiu que Deus estava sempre do seu lado. Depois de quatro anos, foi para a Rondônia, na Amazónia do Brasil, para trabalhar com os índios Surui e Ureu Wau Wau: ‘Viver junto deles fez-me crescer como pessoa e como filha de Deus. São culturas originárias, de grande respeito por Deus e pela criação. Com os indígenas, o nosso trabalho era ajudá-los no encontro com a cultura ocidental que estava a invadi-los, dar passos para este “encontro e desencontro” era muito complicado para um povo que então tinha somente 25 anos de contacto com o mundo chamado dos ‘brancos’. Ajudávamos também os jovens e crianças com um reforço escolar; vivíamos com eles na sua aldeia, tentávamos entrar no seu mundo, viver como eles para conhecer a sua cultura, a sua língua oral, pois, não tinham livros’.

(CONTINUA NO PRÓXIMO POST…)

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade – Perfil

Foto: DR