Durante a minha juventude houve grandes fomes em Àfrica, especialmente na Etiópia. Não podia ficar indiferente àquelas imagens da tragédia humanitária de ver tanta gente a morrer à fome e com doenças.
Num primeiro momento, fiquei entusiasmado com a iniciativa dos cantores famosos que deram voz a várias canções cujos lucros da venda dos discos foi a favor dessas situações. Mas depois tomei consciência de que eles não síam do seu bem-estar para ajudar quem mais precisava. A partir do contacto com o Evangelho fui percebendo que mais importante que dar algo é dar-se. Foi isso que Jesus fez ao incarnar.
À medida que a idade e os meus estudos de Teologia avançavam, ia sendo cada vez mais forte em mim o desejo de partir, de dar algum tempo da minha vida à Missão em países mais pobres, especialmente em Àfrica. A História, de que gostava muito, ensinava-me que aquela evangelização e encontro de culturas, de que se falava muito, tinha sido escrita com lindas páginas, mas também com algumas muito tristes e injustas. Como cristão e europeu sentia alguma responsabilidade nos darmas que Àfrica vivia.
Entretanto, soube que, como padre diocesano, podia partir como padre fidei donum para outro país. Também a leitura de algumas biografias de santos, o desejo de fazer uma experiência de fé mais existencial, o diálogo com algumas pessoas amigas e um forte apelo interior fizeram-me manifeestar ao meu bispo a disponibilidade para dar algum tempo da minha vida à Missão.
Já perto da minha ordenação sacerdotal, vivi uma grande proximidade entre a opção vocacional ea de ir em missão para longe, porque ao partir sentia mais forte e verdadeira a minha radical decisão de entregar a minha vida a Deus pelo serviço dos irmão.
Parti para a diocese do Sumbe, em Angola, ainda durante o meu primeiro ano de padre e por lá estive durante três anos e meio, tendo vivido uma experiência que foi ao mesmo tempo exigente e gratificante. De tal modo que ainda hoje continuo ligado à Missão.
In Edição especial Agência Ecclesia – Em Missão, Out '08
Texto: P. Vítor Mira
Foto: DR
1 comentário:
"A partir do contacto com o Evangelho fui percebendo que mais importante que dar algo é dar-se. Foi isso que Jesus fez ao incarnar."
Caro amigo Vitor Mira, admiramos o teu entusiasmo missionário.
Com o grupo missionário que ajudaste a fundar e a geminação da diocese Leiria-Fátima com Sumbe, Angola - projecto que tens especialmente dinamizado - tem-se feito muito pela dimensão missionária da Igreja em Portugal. Que estas sementes de Reino não caiam em saco roto. Sabemos que precisamos da "cumplicidade missionária" de outros para que todo este processo vá frutificando.
Boa continuação de trabalho pastoral e missionários em Regueira de pontes, paróquia que te acarinha, na diocese Leiria-Fátima, e em Sumbe, num contexto ainda mais missionário.
Abraço e ânimo na caminhada.
Albino Brás
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