sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

FERNANDA RAMALHOTO, GRUPO ‘DIÁLOGOS’ – DO DIREITO À MISSÃO

Licenciada em Direito, há muito que a Missão lhe corre nas veias. Nascida e baptizada em Luanda, foi na Paróquia de S. Brás, na Amadora, que cresceu na Fé e se integrou na vida da Igreja: ‘fui crescendo e tendo vontade, cada vez mais de conhecer e saborear este Jesus Cristo que nos desafia a partir de nós mesmos, dos lugares onde habitamos’.

Catequista e leitora, recorda o dia em que passou na Paróquia um Padre Missionário cujo testemunho a fascinou: ‘esta vontade de fazer algo para lá da minha paróquia começou a inquietar-me de uma forma mais constante’.

‘Diálogos’, espaço de inquietação

Participou, em 1998, nos exercícios espirituais de Santo Inácio de Loyola onde conheceu um amigo que lhe falou nas noites de oração missionária nos Verbitas. Foi, rezou e ficou ligada a esta congregação Missionária.

Em 2000 alguns dos jovens que se encontravam para rezar, para participar em encontros de reflexão e algumas actividades missionárias, sentiram a vontade de assumir um compromisso mais fiel com a sua vocação missionária e nasceu o grupo Diálogos, leigos svd para a missão: ‘Com este grupo fui participando em vários encontros de formação, reflexão, oração e várias actividades de animação missionária em paróquias e escolas que foram alimentando em mim o sentido, partilhado pelos Missionários do Verbo Divino de que o mundo é a nossa casa’.

O ‘Diálogos’ foi e é para a Fernanda um espaço de inquietações: ‘Num mundo cheio de ruídos, de solicitações várias, numa sociedade que nos apela ao ter, ao consumo, em que o tempo parecer voar e andamos sempre a correr, como discernir qual o projecto que o Pai tem para cada um? Como responder-lhe positivamente ao chamamento de Cristo para ser efectivamente missionário? ‘.

Missão no trabalho

É, desde 1999, Técnica Superior de Direito num Organismo Público, local onde testemunha a sua Fé: ‘Ser testemunha aqui e agora no local concreto onde vivemos, com a nossa família, com os nossos amigos e no nosso trabalho. Um cristão comprometido deve fazer a diferença no local onde está: diferença pelo amor, pela paciência, pelo acolhimento, pela tolerância, pela luta pela justiça que demonstra com as suas palavras e os seus actos’.

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Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

HUGO, FAMÕES, MISSIONÁRIO, SEMINARISTA NOS OLIVAIS - MISSÃO DE FAMÕES A NAMBUANGONGO - Conclusão


De Nambuangongo ao Seminário

O Hugo é finalista de Teologia no Seminário dos Olivais. Não foi Angola que o ‘empurrou’ para ser padre, mas deu uma grande ajuda: ‘O envolvimento no projecto foi mais uma das muitas pequenas coisas que contribuíram para perceber que Deus me chamava a servir a Igreja de forma especial’. Foi deixando de parte alguns projectos pessoais e de carácter cultural, para se envolver mais na vida da Paróquia. O testemunho do P. Daniel também foi decisivo para um compromisso paroquial mais intenso que o levaria á decisão de entrar no Seminário. As portas de S. José de Caparide viram-no entrar a 21 de Setembro de 2004. De lá transitou, em 2007, para o Seminário dos Olivais.

Missão também em Portugal

O Hugo também faz Missão em Portugal: ‘no projecto ‘Tuala Kumoxi’, organizámos missões de evangelização em Famões, porque sabemos que só uma comunidade evangelizada pode ser uma comunidade evangelizadora. Em 31 de Outubro de 2009 realizámos a "Caminhada da Esperança" em que mais de uma centena de crianças, jovens e adultos caminharam pelas ruas de Famões anunciando com alegria o Evangelho’. Também o Seminário o tem ajudado a valorizar a dimensão missionária da sua vida: ‘participei no ICNE, durante um ano fui visitador regular no Estabelecimento Prisional de Lisboa, fiz visitas no Hospital de Santa Maria, estive durante quinze dias a morar no Hospital de S. João de Deus, no Telhal, fiz um Campo de Evangelização de 15 dias em S. João das Lampas’.

Dar continuidade à Missão

Famões – Nuambuangongo é uma geminação bem sucedida, pois aposta no envolvimento de todos nos projectos. E mais. A grande aposta tem sido na Evangelização, ’especialmente pelo trabalho de reanimação das comunidades católicas espalhadas pelo extenso território de Nambuangongo, onde encontrei, em 2004, pessoas que esperavam desde os anos 60 para casarem e visitei aldeias onde há 40 anos não chegava um padre. Em 2008, preparámos a visita pastoral de D. Jaka e a Paróquia encheu-se de festa, porque há 50 anos que não tinham a visita de um Bispo’.

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

HUGO, FAMÕES, MISSIONÁRIO, SEMINARISTA NOS OLIVAIS - MISSÃO DE FAMÕES A NAMBUANGONGO

Nasceu em Lisboa, mas Angola e Moçambique tomaram conta de parte do seu coração. Estudou Línguas e Ciências da Comunicação, mas é a Teologia que lhe enche as medidas e rasga horizontes novos à sua vida. A Missão corre-lhe nas veias e será, muito em breve, um Padre Diocesano.

Angola, no rescaldo da guerra

O Hugo Gonçalves nasceu em S. Jorge de Arroios, mas bem cedo foi parar a Famões onde cresceu: ‘estive sempre muito ligado ao voluntariado durante a Juventude, em Associações Juvenis e Culturais’. Entrou na Universidade Nova de Lisboa, para o Curso de Línguas e Literaturas Modernas, trabalhou na Expo 98 na Portugal Telecom onde trabalhou até 2000, mudando-se para a Novis até 2004, quando decidiu entrar no Seminário. Nessa altura, já tinha mudado de curso e estava na UAL a fazer Ciências da Comunicação.

Jovem comprometido na Paróquia, participou no processo de Geminação com Nanbuangongo, um projecto liderado pelo P. Daniel: ‘Como alguns padres mexicanos, antes de irem para Angola, passavam por Famões para aprender português, contactámos com um deles, o Pe Luis Yepes, dos Missionários de Guadalupe. Ele era Pároco de Caxito e indicou-nos a Paróquia de Nambuangongo, que não tinha padre’. A guerra em Angola acabou em 2002, a Geminação foi oficializada em 2003 e o primeiro grupo de Voluntários partiu para Nanbuangongo em 2004. O Hugo fazia parte desta equipa e fez uma experiência que deixou marcas para o resto da vida.

Partiu...para Moçambique

Com experiência de Missão em África, recebeu, em 2006, um convite que não ousou recusar. O P. Nuno Coelho, agora Pároco de Cascais, lançou-lhe o desafio de apoiar a ‘Equipa d’África’: ‘acompanhei o grupo a Moçambique, onde pude contactar com diversas comunidades religiosas em várias localidades, um pouco por todo o país’.

Projecto Tuala Kumoxi

A Geminação com Nambuangongo esteve sempre activa, mas o re-envio de uma equipa em missão só aconteceria após a criação da nova Diocese do Caxito, em 2007, com a nomeação do Bispo D. António Jaka. Por isso, o Hugo aprendeu o caminho de regresso a Nambuangongo e lá foi, com a sua equipa, em 2008 e 2009: ‘o nosso projecto recruta os seus membros de entre os cristãos activos na vida paroquial, pelo que é frequente ser gente que, além do Projecto Tuala Kumoxi, está envolvida noutros grupos ou movimentos na paróquia’.

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Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

JOSÉ GASPAR, MISSIONÁRIO EM ANGOLA, PORTUGAL E... MISSÃO DE LISBOA Á AMAZÓNIA - Conclusão

Animação Missionária

Portugal voltou a chamá-lo e, em 1991, já estava no Seminário da Silva, em Barcelos, de novo envolvido na Formação e a acompanhar os núcleos da LIAM da diocese de Viana do Castelo. A doença grave que levaria para a Casa do Pai o P. Marinho Lemos foi a razão da nomeação do P. Gaspar para Lisboa, em 1999. Virou o século e o milénio como Animador Missionário. Percorreu, de lés a lés, as Paróquias de Lisboa, Santarém, Setúbal, Alentejo, Algarve e Açores, visitando os grupos da LIAM ou fazendo animação missionária juntamente com os membros dos outros Institutos Ad Gentes (ANIMAG).

Com o P. Alves Correia

Quem conhece o P. José Gaspar reconhece-lhe uma enorme sensibilidade à causa dos pobres. Pobre, simples e austero, é um dos incansáveis lutadores pela ‘Justiça e Paz’, sempre pronto a dar a cara pelas causas dos mais excluídos. Conta: ‘Envolvi-me na problemática das migrações no âmbito sobretudo do trabalho do Centro P. Alves Correia (CEPAC) de apoio a imigrantes, privilegiando os mais carenciados, que são os sem papéis. O P. Alves Correia (no busto da foto) foi e continua a ser uma figura inspiradora. Conheço-o pelo que dele se tem escrito, e pelo testemunho de pessoas que o conheceram. Pelo que dele referem vejo-o como uma pessoa que aliava bondade com frontalidade. Era bom, ajudava muita gente e de maneira discreta, lidava com o sofrimento dos pobres, analisava-o à luz do Evangelho e usava os seus dotes de bom escritor para denunciar as injustiças. Por isso foi também ele injustiçado e morreu no exílio; mas irradia luz e inspira-nos a estarmos com os que mais sofrem como sinais para eles do Deus-Amor’.

A caminho da Amazónia

Diriam que está na idade da reforma, mas o P. Gaspar tem a ousadia de começar uma nova Missão, atravessando o Atlântico rumo à Amazónia: ‘Encaro esta mudança com toda a naturalidade. Há mais de um ano que manifestei a minha disponibilidade para a missão ao longe. Confio em Deus e na oração de quantos estão comigo fazendo do longe perto’.

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: Tony Neves

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

JOSÉ GASPAR, MISSIONÁRIO EM ANGOLA, PORTUGAL E... MISSÃO DE LISBOA Á AMAZÓNIA

Angola acolheu-o no tempo colonial e, depois, quando a guerra estava ao rubro. Anunciou o Evangelho, apoiou os pobres, formou seminaristas e leigos, escapou a uma emboscada. Em Portugal, dividiu a missão pela Formação, Animação Missionária e ‘Justiça e Paz’. Abriu, aos 63 anos, uma nova página do seu vasto curriculum missionário. A Amazónia recebeu-o esta semana, de braços abertos.

Angola, primeiro amor

Angola recebeu a generosidade e o fogo dos primeiros anos de Missionário Espiritano. Lá chegou em 1971: ’Conheci tempos de paz. Então, deixava a residência da Missão e ia, de aldeia em aldeia, visitar os cristãos. Dormia por lá, seroava à volta da fogueira, adormecia tranquilo e acordava com o despertar da natureza’.

Missão a norte

Chegou a Portugal em 1975. Dividiu a sua missão pela animação missionária e, sobretudo, pela formação de futuros padres, como director do Seminário Menor Espiritano em Viana do Castelo e do Seminário Maior de Filosofia em Braga. Com a paixão pela Missão que lhe ardia na alma, conseguiu libertar-se dos trabalhos aqui e voltou ao Huambo. Estávamos nos tempos quentes de 1986, com a guerra na máxima força.

Emboscada em Angola

A sua Missão passava muito pela formação, com uma aposta forte na Filosofia e Humanidades: ‘com a guerra civil já muito acesa, voltei para leccionar no Seminário Interdiocesano de Cristo Rei e colaborar na formação dos seminaristas espiritanos. Foram tempos muito difíceis; rezava para não deixar embotar a sensibilidade, tal o sofrimento à minha volta’.

Os riscos da missão em tempo de guerra podem ser bem maiores. Quem arrisca fazer-se à estrada, candidata-se a fazer a última viagem. Foi quase o que aconteceu naquele 25 de Agosto de 1988, data que o P. Gaspar não esquecerá nunca: ‘caí numa emboscada da Unita, a meio caminho de Benguela para o Huambo. Foi terrível, acima de tudo porque houve 10 mortes de pessoas indefesas. Não sei como saí ileso, com o carro todo cravado de balas e de estilhaços de granadas. Na minha oração perguntava a Deus porquê eu e não os outros. Acho que tenho uma dívida enorme a saldar, a da minha vida e também a de não ter ficado traumatizado, para além da riqueza de tantas pessoas e coisas boas, ou não fossem as flores mais belas as que vêm rodeadas de espinhos’.

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Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: Tony Neves

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

NÉLIO PITA, VICENTINO, PÁROCO DE S. TOMÁS DE AQUINO – MISSÃO NA COMUNIDADE - Conclusão


Comunidade em festa

E a festa foi um sucesso, pois começou ainda antes da sua realização, por causa da preparação. Montaram-se tendas fora da Igreja. Elaborou-se um programa geral de animação. Lançou-se o apelo á inscrição para um almoço que congregou mais de 500 pessoas, seguido de um concerto ao ar livre. Mas a Eucaristia foi o momento mais alto, porque os 20 grupos foram apresentados à Comunidade.

Há partes do programa da Festa que nasceram da necessidade de resolver problemas sérios. Por exemplo: ‘Tínhamos tendas montadas fora da igreja e era preciso vigiá-las de noite. Pagar seguranças era muito caro. Os jovens encontraram a solução com a proposta de uma longa vigília de oração de Taizé, prolongada até de manhã comum programa orientado pelos e para os jovens. Foi fantástico e resolveu o problema’.

Missão da ComUnidade

A Festa da ComUnidade mostrou ao P. Nélio que a Paróquia tem, para a Missão, mais dons e possibilidades do que se pensava: ‘a comunidade local, pelo modo como vive e se relaciona e porque tem em comum a fé no Deus que, por amor, morreu por nós, deve ser um testemunho interpelador de uma outra comunidade, o Reino de Deus já presente no meio de nós. Neste sentido, é uma missão da comunidade no seu todo: ela deve ser a protagonista da missão – o anúncio da Boa Nova - e não um sujeito passivo na sociedade em geral, uma instituição como tantas outras sem influência significativa na vida das pessoas’.

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

NÉLIO PITA, VICENTINO, PÁROCO DE S. TOMÁS DE AQUINO – MISSÃO NA COMUNIDADE

Nasceu na Madeira, cresceu numa família cristã. O encontro com um Padre Vicentino e a Juventude Missionária Vicentina abriram-lhe, de par em par, as portas da Missão e percebeu que Deus lhe apontava o caminho do sacerdócio. Porto, Salvaterra de Magos, Lisboa, Madrid e Funchal são as terras da sua vida. Estudou Teologia (Lisboa), Espiritualidade (Madrid) e Psicologia Clínica (Lisboa). É Pároco de S. Tomás de Aquino desde 2008. Acaba de organizar a Festa da ComUnidade.

Um longo caminho...

Nascido e crescido no Estreito da Câmara de Lobos, o Nélio sonhava ser músico profissional e as coisas de Deus pareciam interessar pouco nos anos quentes da sua adolescência. O encontro com a JMV e a conversa com o P. Gouveia calou a revolta que tomava conta do coração deste jovem que andava á procura de qualquer coisa que desse sentido á vida: ‘comecei a ler a Bíblia como um projecto de felicidade, um projecto para a vida em plenitude. E percebi que o Evangelho seria o meu manual de vida’.

Por isso, decidiu entrar na formação dos Padres da Missão, mais conhecidos por Vicentinos, porque fundados por S. Vicente de Paulo, o grande missionário da caridade, que faleceu faz 350 anos. Com 19 anos, deixava a Madeira e rumava ao Porto. Dali partiria para Salvaterra de Magos, onde fez o Noviciado, transitando para Lisboa, a fim de fazer estudos de Teologia na Universidade Católica. Terminou o curso em 1999, regressando á Madeira, onde seria Ordenado Padre no ano do Jubileu.

Trabalhou na sua Ilha natal até 2001, quando os superiores o surpreendem com um convite para estudar Teologia Espiritual na Universidade de Comillas, em Madrid. E lá partiu. Terminados os estudos em Espanha, foi nomeado para coordenar a formação de futuros padres vicentinos, em Lisboa, onde esteve de 2003 a 2008, iniciando um Mestrado em Psicologia Clínica.

S. Tomás de Aquino

Como a vida dá muitas voltas e os sinais do Espírito viram muitas coisas do avesso, é convidado em 2008 para ser Pároco de S. Tomás de Aquino, sucedendo ao P. José Alves, pároco desde a fundação, em 1986. O P. Nélio já percebeu que a sua paróquia está cheia de vida: famílias novas, jovens, crianças. Sente uma enorme necessidade de criar mais espaços de encontro, de escuta, de reflexão, de oração, de ajuda. Daí a iniciativa da Festa da ComUnidade: ‘Que ela seja oportunidade para reparar e fortalecer os laços que, entre nós, já estejam gastos pelo tempo e pelas circunstâncias da vida. Que nos faça sentir que, como Igreja, somos uma grande família. – assim escreveu o P. Nélio no convite á festa.

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Texto - Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

SÓNIA E JOSÉ ALFREDO, JUNTOS PELOS SEM ABRIGO - MISSÃO NA COMUNIDADE VIDA E PAZ - Conclusão


Caminhar com os sem abrigo

E os caminhos, aparentemente tão distantes, cruzaram-se na Comunidade Vida e Paz. Diz o Zé: ‘Esta obra de apoio aos Sem Abrigo é um espaço onde concretizamos, dia após dia, o espírito missionário que sentimos e nos caracteriza’. A Comunidade Vida e Paz é uma obra que, sob tutela do Patriarcado de Lisboa, atende a população sem abrigo das zonas urbanas e as acolhe nos seus diversos centros com vista à sua reabilitação, recuperação e futura reinserção social. Tem cerca de 250 pessoas em reabilitação, para uma mudança de via e reinserção na sociedade. Conta o que faz: ‘Desde 1999 que assumo funções de coordenação de centro, primeiro na Venda do Pinheiro e agora em Sapataria, uma freguesia do concelho do Sobral Monte Agraço. A Sónia, licenciada em gestão de empresas, trabalha também desde o ano 2000, na área administrativa e financeira, na Quinta do Tomada na Venda do Pinheiro. Eu e a Sónia sentimos que foi esta instituição que nos uniu e que nos dá espaço de concretizar hoje a missão de ajudar a outros, transformando-nos a nós próprios’.

O Zé, para conhecer melhor a realidade dos sem abrigo e o trabalho que com eles se faz, visitou o Brasil (2004 e 2007) e a República Dominicana (2005). Recorda: ‘Estive na Comunidade “Servos de Cristo Vivo” da República Dominicana e, no Brasil, contactei com o povo da rua, sobretudo em São Paulo. Guardo na memória as sessões de esclarecimento cívico que vi realizar num dos albergues da cidade onde era promovida a consciência interventiva e de participação social de todos. A comunidade ‘Aliança de Misericórdia’, que me acolheu em S. Paulo, mostrou-me a dinâmica da igreja jovem do Brasil. A igreja inserida junto dos pobres com eles e vivendo como eles’.

Missão ao pé da porta

Casaram em 2005 e a Missão continua: ‘A cada dia, ao chegar a casa, temos à porta roupa e papel. Ao longo dos últimos anos ‘ensinámos’ aos nossos vizinhos o valor da reciclagem. Com o papel que reciclamos conseguimos fundos para o projecto e a roupa é dada aos que mais precisam. Mesmo que alguns dias rabujemos com a presença maciça de roupa e papel à porta de casa, a verdade é que nestes pequenos gestos das pessoas estão presentes a solidariedade e a preocupação de uns pelos outros’.

Texto: Tony Neves iN Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

SÓNIA E JOSÉ ALFREDO, JUNTOS PELOS SEM ABRIGO - MISSÃO NA COMUNIDADE VIDA E PAZ

A Comunidade Vida e Paz juntou a Sónia e o Zé Alfredo, continuando a ser hoje o grande espaço de Missão desta família. Os percursos de fé e de vida foram diferentes, mas assentes no mesmo pilar: uma profunda fé em Jesus Cristo. Ele fez uma longa experiência missionária no Quénia. Ela doou-se como catequista, cantora, animadora de jovens na Paróquia da Malveira. Vivem hoje no Turcifal, Torres Vedras.

Ele cresceu nos Verbitas

O Zé Alfredo tem um tio que é Padre Verbita e se encontra hoje por terras da Amazónia. Esta tradição de família levou-o ao Seminário com apenas dez anos. Os atractivos e desafios da Missão cresceram com ele e foi fazendo caminho. Assim, em 1994 e 1995, fez no Quénia uma experiência missionária que nunca mais esquecerá: ‘Foi uma experiência de formação transcultural inesquecível, mas sobretudo estruturante. Ali aprendi o sentido da distância e da saudade, mas também da verdadeira amizade, da solidariedade, da alegria de viver e da comunhão eclesial. Estive na missão de Kayole, nas redondezas da capital Nairobi. Ali participei na formação de uma comunidade constituída por grupos oriundos de todas as províncias e etnias do país (mais de 40 no Quénia) e contactei com a pobreza na sua forma mais crua. Lembro ainda com arrepio a preocupação com o flagelo da infecção do HIV-SIDA, a espalhar-se com rapidez entre as pessoas, já naquela altura’.

Ela cresceu na Paróquia

A Sónia também fez o seu caminho, participando activamente na actividade paroquial através da caminhada de catequese e da participação nos grupos de jovens da Malveira: ‘Éramos um grupo muito dinâmico, organizamos imensas festas para angariação de fundos, participámos e organizámos o festival vicarial da canção, entre outras iniciativas. Participei no grupo coral (gosto muito de cantar… e alguns dizem que tenho jeito!), fui catequista. A minha missão mais recente, como catequista, foi a de preparar um grupo para o sacramento da Confirmação. Hoje sinto-me muito orgulhosa quando vejo alguns desses jovens a colaborar nas diversas actividades da paróquia e penso sempre que, se calhar, eu tenho alguma responsabilidade nisso. A experiência mais marcante veio a ser a minha participação na Jornada Mundial da Juventude em Roma, por ocasião do ano Jubilar de 2000. Foi uma experiência inesquecível de interculturalidade e comunhão’.

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Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

MARIA



Maria é a mais bela história de amor
que algum dia a história registou.

O Espírito Santo foi encontrá-la
Entre as fragas de uma terra desconhecida
e as fontes das águas puras
das montanhas da Galileia.

Toda a história da salvação
se recolhe nesse diálogo
nas pregas de uma aldeia esquecida,
onde o poder infinito de Deus
e a pequenez de uma mulher sem história
deram as mãos
e abriram à historia um futuro novo.

Peregrinos de montanhas e desertos
profetas da promessa e da novidade de Deus,
aqui se juntaram
como testemunhas de uma Aliança
muitas vezes esquecida
e outras tantas vezes anunciada.

Maria foi o presépio,
onde a história se reuniu
e o Espírito Santo levantou a sua tenda,
para o Filho de Deus habitar entre nós
e fazer do nosso mundo a sua casa.

Texto: A. Torres Neiva
Foto: DR