sexta-feira, 29 de maio de 2009

Conclusão - A MISSÃO DE ANIMAR - IRMÃ ASCENSÃO LOURENÇO, ESPIRITANA

Filosofia e Teologia

As exigências de uma Pastoral de qualidade lançaram-lhe um desafio à sua própria formação académica. Assim, faria Filosofia com os Beneditinos e Teologia no Instituto Pio XI, em São Paulo.

Reconhece que foi uma ousadia: ‘fui pioneira porque ao começar o curso era a única aluna, logo seguida nos outros anos por outras Religiosas’. Foi entre um curso e outro que assumiu a coordenação da Comunidade Paroquial de São Pedro, em César de Sousa, Diocese de Mogi das Cruzes, na periferia de São Paulo. 

Na Favela do Pastão

Ao dar início à Teologia, mudou-se para a comunidade do Noviciado, em Vila Zat e empenhou-se na pastoral da Favela do Pastão, nas periferias de S. Paulo. Diz: ‘Aí restaurámos o Centro Comunitário com o empenho dos leigos. Foi uma experiência muito bonita e ousada porque era uma zona perigosa. Mas, diga-se de passagem, que os bandidos fugiam de nós, Irmãs. A nossa cruzinha branca ao peito e a nossa simplicidade tinham um impacto extraordinário já que todos nos conheciam. Nunca tivemos problemas, embora a nossa casa tenha sido assaltada quando nós não estávamos lá’.

Na hora da despedida, quando terminou a Teologia, em 1989, foi difícil aceitar o convite das Superioras para regressar a Portugal.

Missão em Portugal 

A Animação Missionária passou a ser, até hoje, o campo de Missão da Irmã Ascensão. Começou em Braga, mudando depois para o Porto e Lisboa, onde se encontra na casa Provincial das Espiritanas, na Cruz Quebrada.

Tem sido uma trabalhadora incansável ao serviço dos Animadores Missionários Ad Gentes (ANIMAG), nas suas muitas Semanas Missionárias, realizadas de norte a sul do país.

Integra, desde há anos a esta parte, a equipa das Jornadas Missionárias, realizadas todos os anos em Fátima, o que – diz ela -  ‘me dão uma visão do caminhar da Igreja em Portugal’. A nível da Congregação, acompanha um grupo de Leigos, os Amigos da Missão e de Eugénia Caps (AMEC), fundado em 1996.

Fazendo o balanço da sua vida, a Irmã Ascensão escreve: ‘Por vezes, sinto possível e vivo, acontecer connosco a percepção de Lúcia de Jesus: Deus quer servir-se de ti. Só me resta deixar acontecer este sonho na minha vida, sonho este que me levará onde Ele quiser’.

Texto: Tony Neves - Jornal Voz Verdade - Perfil
Foto: DR

terça-feira, 26 de maio de 2009

A MISSÃO DE ANIMAR - IRMÃ ASCENSÃO LOURENÇO, ESPIRITANA


A Irmã Ascensão Lourenço nasceu na paróquia do Sr. Patriarca, em Alvorninha, Caldas da Rainha. A primeira grande escola foi a família: ’a Pré primária foi meu pai que ma fez, ensinando-me a contar maçãs de um cesto para o outro. A minha mãe ensinou-me também como comungar pela primeira vez, fazendo de 2ª catequista’.

Foi na adolescência que uma Revista “Encontro” lhe foi parar às mãos. Nas suas páginas estavam gravados testemunhos missionários que a fascinou. O entusiasmo pela Missão nunca mais deixou de ser forte. Esperou pelos 17 anos para entrar nas Irmãs Missionárias do Espírito Santo. Já com uma opção clara de ser Espiritana, foi a Fátima a 13 de Maio de 1967 para acompanhar a visita de Paulo VI.

Angola, Brasil...

Nos anos quentes do 25 de Abril (1974-75), a Irmã Ascensão esteve a trabalhar no sul de Angola, na cidade do Lubango. Mas seria o Brasil a sua grande terra de Missão, onde chegou em Janeiro de 1977. Conta: ‘Esta missão teve o sabor dos princípios. Morávamos numa casa pequena do Bairro de Vila Mangalot, periferia de S. Paulo, acolhidas pelos Missionários Espiritanos alemães que orientavam a Paróquia e onde tinham um Seminário’. Lá se dedicou de alma e coração à pastoral paroquial: liturgia, catequese, encaminhamento dos pobres, etc.

Aprendeu muito com o povo brasileiro. Ainda recorda as palavras de um bispo que, descontente com os superiores que mudavam os missionários frequentemente, dizia: ‘o primeiro ano é para ver, o segundo para começar e o terceiro para fazer algo na pastoral’.

Por isso, ela foi entrando de mansinho na realidade e acolhendo de coração aberto as situações que lhe apareciam na frente dos olhos.

A Irmã Ascensão dedicou grande parte dos seus dias à promoção humana da mulher e a outras iniciativas de carácter social, como o encaminhamento dos pobres. Também investiu muito na formação dos leigos.

Texto: P. Tony Neves - Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

 

quinta-feira, 21 de maio de 2009

APÓS ‘VAI –VÉM’ ENTRE A EUROPA E A ÁFRICA: MISSÃO AQUI EM FAMÍLIA - Conclusão

Matrimónio na Missão

Os caminhos da suas vidas cruzaram-se na Missão. E acabariam por surpreender tudo e todos (até as famílias) quando decidiram casar durante uma experiência Missionária: a ‘Ponte 2002’, em Cabo Verde. “Durante o tempo de namoro torna-se clara a decisão de abençoarmos o nosso amor e a nossa paixão pela missão, em ambiente missionário” – recorda o João. Foi uma festa muito viva, colorida, animada, participada, como em África acontecem os grandes momentos. E a Missão continuou.

E depois da Madalena...

Os frutos desta amor foram aparecendo: a Madalena, em 2004, e o João Maria, em 2007. A vida desta família missionária sofreu alguns ajustes, mas a Missão não lhes saiu das veias nem do coração. Muito menos das agendas. Ela é investigadora da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa. Ele é o Secretário das Obras Missionárias Pontifícias: “Estou encarregado da parte informática (construção e manutenção do site www.opf.pt bem como, em 2008, do blog http://congressomissionario2008.blogspot.com), do secretariado e da elaboração gráfica da revista MISSÃO OMP”. Para o João, a paixão pela Missão pode ser vivida de várias formas. Ele encontrou uma original: a fotografia. “Muitas vezes comunicamos mais, não pelo que dizemos mas pela forma como estámos em comunhão com alguém... as imagens podem servir para nos tormarmos mais próximos das causas dos  nossos outros irmãos. É esta a forma que eu desenvolvo de comunicar e ir ao encontro da Missão. Faço parte do Movimento Fotográfico – Íris e pessoalmente também faço um blog genérico de fotografia http://nrecortes.blogspot.com” – partilha com muita convicção.

A Missão do Futuro 

Ambos mantêm acesa a chama da evangelização, pertencendo ao Coro Jovem da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo (Benfica) e à coordenação do Voluntariado Missionário Espiritano. A Missão em Família é um desafio a que ambos querem continuar responder com Fé e compromisso.

Texto: Tony Neves - Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: JC

quarta-feira, 20 de maio de 2009

APÓS ‘VAI –VÉM’ ENTRE A EUROPA E A ÁFRICA: MISSÃO AQUI EM FAMÍLIA



Ela, Sandra, nasceu e cresceu em Santa Maria do Barreiro. Ele, João Cláudio, é minhoto de Viana do Castelo. Lá conheceu os Espiritanos e entrou no Seminário do Fraião, em Braga, no 9º ano, com o objectivo de ser Padre. Percebeu, com o andar dos tempos, que Deus lhe confiava outra Missão, mas continua a pertencer à grande família Espiritana. A Sandra acabaria por entrar nos Jovens Sem Fronteiras do Barreiro, em 1986, Missão que a marcou a ponto de nunca mais a deixar. Confessa: “O padre Firmino Cachada foi para mim um exemplo do dinamismo juvenil missionário. Idealizou e concretizou o que acabou por ser um movimento nacional".

Muito tempo à procura

Os caminhos de Deus e da Missão parecem insondáveis e ninguém sabe ao certo onde o Espírito nos quer conduzir. Tal aconteceu (e acontece) com a Sandra e o João. Ela seria animadora do seu grupo, Presidente Nacional dos Jovens Sem Fronteiras e Presidente da ONGD Sol Sem Fronteiras: “O testemunho dos missionários chegados da Missão tiveram sempre um impacto grande e contribuiram para um modo de ser e estar na vida”.

África no coração

A Sandra, enquanto crescia na Fé e na Missão, foi estudando Farmácia e investigando, até concluir o Doutoramento. Deu tudo, contando no seu vasto curriculum missionário a participação em seis ‘Pontes’, como se chamam as experiências missionárias dos Jovens Sem Fronteiras no Verão, em África ou na América Latina. Esteve em São Tomé, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Cabo Verde (a abrir, em 1992 e a fechar com chave de ouro, em 2002). O João, terminada a Teologia, fez dois anos de intensa Missão em Caió, no interior pobre do país manjaco, na Guiné (1999-2001) e dois meses na Ilha do Príncipe, com a Paróquia da Ramada (2004). Leccionou EMRC, trabalhou nos Centros Sociais de Colares e da Ramada, transitando para as Obras Missionárias Pontifícias (2005), onde é, actualmente, o secretário do Director Nacional.

(Continua no próximo Post...)

Texto: Tony Neves - Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: Manuel Trindade

segunda-feira, 18 de maio de 2009

DA ERICEIRA AO QUÉNIA - BETA ALMENDRA, COMBONIANA - Conclusão

Missão no sul de Portugal 

Regressou a Portugal em 2006, vindo parar a Lisboa, com o objectivo de trabalhar na Animação Missionária e Vocacional. Gosta de vestir as t-shirts do Quénia, porque não vai esquecer esta terra que a marcou para toda a vida.

Com os Combonianos, tem acompanhado o grupo de jovens ‘Fé e Missão’. Participou nas iniciativas ‘Reveillon’, ‘Páscoa Jovem’ e na Caminhada a Fátima (‘Sempr’abrir!’). No verão, já vai na terceira edição a Semana Missionária que leva jovens ao encontro de um comunidade num bairro pobre nas periferias de Lisboa. Uma experiência multicultural que tem ajudado a construir pontes entre a Paróquia, os jovens e a restante população do Bairro.

Comunhão de Institutos 

Acha profético e desafiante o projecto dos Animadores Missionários Ad Gentes (ANIMAG) que junta, em Missão aqui, cerca de 20 Institutos. É um sinal de comunhão que as Comunidades percebem e acolhem muito bem: ‘com diferentes carismas, conseguimos estar juntos, trabalhar juntos, rezar juntos’. A Semana Missionária em Rio de Mouro marcou-a profundamente por isso.

Aceitou o convite de integrar o Sector de Animação Missionária do Patriarcado, convencida de que, juntos, a Missão seguirá em frente. E, se o tempo o permite, lá chega ela ás reuniões de capacete na mão, após uma viagem de motorizada dos Olivais e Algés.

No Quénia como em Lisboa, a Missão continua com a força do Espírito.

Texto: Tony Neves - Jornal Voz Verdade - Perfil
Foto: DR

quinta-feira, 14 de maio de 2009

DA ERICEIRA AO QUÉNIA - BETA ALMENDRA, COMBONIANA

Foi na Ericeira que se fez mulher de Fé. Ali nasceu, foi baptizada e se empenhou na Igreja, a partir do grupo juvenil da Paróquia. Catequista, responsável pelo grupo de jovens, bem cedo foi percebendo que a sua Missão poderia passar por outras paragens. Adorava jogar futebol (‘o meu sonho era de ser jogadora de futebol! ‘). Fez um bacharelato em Contabilidade e Administração no ISCAL (Lisboa), mas Deus queria que ela fizesse outras contas.

Entrou para as Missionárias Combonianas, em 1992, professando em 1996. A sua formação foi-se fazendo, em Itália e no Porto, onde concluiu o Curso de Ciências Religiosas na Universidade Católica. A sua Missão em Portugal, até 2000, foi na Animação Missionária, a partir da sua comunidade no Porto.

A viragem do século e do milénio marcou uma mudança de rota na vida missionária da Irmã Beta: recebeu nomeação para o Quénia, país onde chegaria em 2001, após um ano a aprender inglês em Londres.

Quénia...às portas da Etiópia

Marsabit foi a Diocese do norte do Quénia que lhe caiu em sorte. Ali, mesmo na fronteira com a Etiópia, numa área marcada pela seca extrema, trabalhou com dois povos semi-nómadas: os Borana e os Gabra: ‘Parti muitas vezes ao seu encontro, ficando com eles 1 semana, 15 dias, 1 mês’. O trabalho com estes povos nómadas era em nome da Comissão Justiça e Paz da Diocese. Porque faltava a água para os pastos, abundavam os conflitos. A lógica da sobrevivência não é amiga da paz. Ali, a Irmã Beta percebeu que o ‘perdoar’ é verbo cristão, pois não faz parte de todos os dicionários culturais. Lá, onde estava, falar de perdoar era estranho porque, segundo a lógica local, ‘o inimigo é para matar! ‘. Assim, a sua tarefa era um grande desafio com objectivos muito difíceis de concretizar. Mesmo neste contexto de extrema pobreza, fome e muita violência à mistura, a Irmã Beta gostou muito do seu trabalho missionário. 

Entre a Pastoral e o Futebol

Na Paróquia onde vivia, foi-lhe ainda confiada a pastoral com adolescentes e jovens, com visitas às escolas. Ia lançando iniciativas de formação para apoiar os professores de educação moral no ensino oficial. Mas, a sua maior ousadia foi no desporto-rei. O gosto pelo futebol colidia com a mentalidade daquele povo que não admitia que fosse praticado por mulheres. Mas a Irmã Beta não se deixou intimidar pela tradição e pôs muitas adolescentes a jogar à bola.

Com as restantes Irmãs Combonianas, apostava na promoção da Mulher, um trabalho imenso, quase tudo por favor, ali naquela longínqua costa oriental da África.

(Continua no próximo Post...)

Texto: Tony Neves - in Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 11 de maio de 2009

MISSÃO DE CABO VERDE À ABÓBODA - Conclusão

Secretário Provincial

Foi Secretário Provincial dos Espiritanos, anos a fio. Sempre a fazer outras coisas, para além de mexer em papéis. Esta Missão pô-lo ao corrente de tudo o que se passava em Portugal e nos países onde os Espiritanos trabalhavam e com os quais tinha que contactar. A sua extrema sensibilidade às situações de pobreza e exclusão social foi preciosa para que a Congregação mantivesse vivo o seu carisma de opção pelos mais pobres. 

Pároco da Abóboda

E, finalmente... uma Paróquia. Quando o Sr. Patriarca propôs aos Espiritanos a coordenação da pastoral da nova Paróquia da Abóboda (Cascais), eles decidiram aceitar este grande desafio, entregando a Paróquia de S. Domingos de Rana, que já tinha todas as condições para que não fosse confiada aos Espiritanos. Na busca de uma figura de referência para liderar este projecto, o P. Teles foi considerado a melhor escolha. Como sempre, aceitou. As barbas estão mais brancas, o seu olhar aparenta mais cansaço, mas está feliz nesta nova Missão. Tem que coordenar a construção da Igreja e, sobretudo, construir uma comunidade que alia a Abóboda antiga aos novos bairros que nascem em morros e vales.

Na hora do balanço, o P. Teles é um missionário feliz. A sua disponibilidade encanta tanto como a brancura e o tamanho das suas barbas de missionário clássico. E, como bom transmontano, não desiste de atingir os objectivos que se propõe alcançar. A Abóboda, pouco a pouco, vai ganhando corpo como comunidade e, mais dia, menos dia, poderemos ver uma Igreja a nascer com uma série de valências sociais que respondam á pobreza que, por aquelas paragens, ainda tem uma expressão significativa.

Texto: Tony Neves in Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

sexta-feira, 8 de maio de 2009

MISSÃO DE CABO VERDE À ABÓBODA

P. Veríssimo Teles, Pároco

Nasceu em Bragança há 67 anos. Fez a formação nos Seminários Espiritanos e, na hora da Ordenação, foi nomeado para Cabo Verde. Ali, na Ilha de Santiago, deu o pontapé de saída para uma Missão que não parou mais de oferecer novidade. 

Equipa Provincial

De regresso a Portugal, trabalhou na Pastoral Vocacional e na Imprensa, como director da revista ’Encontro’. Foi membro da Equipa Provincial dos Espiritanos, encarregado do sector da animação Missionária. Percorreu o país, de lés a lés, a falar da Missão e a acompanhar os jovens que diziam ter a semente vocacional a despertar nas suas vidas. Trabalho árido, sem grandes frutos, este investimento pastoral foi feito com muita convicção.

Capelania dos Africanos

Uma parte importante da sua vida foi partilhada com imigrantes no Patriarcado de Lisboa. Nomeado Responsável pela Capelania dos Africanos, o P. Veríssimo Teles foi um lutador incansável pelos direitos que quem veio de longe à procura de oportunidades que nem sempre encontrou. Atirados para os subúrbios miseráveis de Lisboa, muitos destes imigrantes viviam em condições infra-humanas e não tinham grandes possibilidades de celebrar e aprofundar a sua Fé. O trabalho da Capelania, a este título, foi notável, pois foram muitos os bairros que criaram dinamismos de evangelização e solidariedade. Foi neste período que boa parte dos ditos ‘bairros de lata’ foram derrubados e os seus habitantes realojados em bairros sociais. 

Com os imigrantes, no CEPAC

A aposta no acolhimento e apoio aos imigrantes também é imagem de marca na vida do P. Veríssimo Teles, através do Centro Padre Joaquim Alves Correia (CEPAC), Instituição de que foi Director. Centenas e centenas de estrangeiros, sobretudo africanos, a maioria sem documentos, encontraram no CEPAC uma espécie de porto de abrigo, última tábua de salvação. Muitos ali conseguiram reunir condições e papeladas para a legalização, roupa para enfrentar o frio da Europa, comida para combater a fome de cada dia, algum apoio para medicamentos...

 (Continua no próximo Post...)

Texto: Tony Neves - In Jornal Voz da Verdade - Perfil

Foto: DR

quarta-feira, 6 de maio de 2009

PÁSCOA NA AMAZÓNIA

‘Mwenho Ukola’ e ‘Kamussamba’...

Sol Sem Fronteiras avança para o equipamento e funcionamento de um Orfanato na destruída cidade do Huambo (o Centro Mwenho-Ukola) e a Lúcia aponta para lá as baterias. Assim, as Janeiras de S. Eufémia, em 2004, garantiram o pão de cada dia para as 30 meninas do Centro e, no ano seguinte, compraram um grande fogão.

Como à sua volta ninguém pára, envolveu colegas do IPO e outros amigos (muitos deles ‘confessadamente ateus’) e lança-se numa nova aventura: as Exposições Fotográficas. Fez duas na Livraria Rei dos Livros, 1 na Paróquia de S. Tomás de Aquino, 1 no Hospital de Almada, 1 em Santarém...com fotos tiradas em Cabo Verde, Angola, Filipinas e Portugal... tudo para comprar os beliches e redes mosquiteiras para as meninas do Huambo. Batalhas ganhas.

Bento XVI lança a sua primeira encíclica no dia de Natal de 2005 e, no início de 2006, a Editora Rei dos Livros sugere à Lúcia Pedrosa que lidere o projecto de uma edição ilustrada. Ela agarra a proposta, com o objectivo de oferecer ao Orfanato do Huambo 2,50€ pela venda de cada livro. Lá constam, numa obra que esgotou a edição, dezenas e dezenas das fotos tiradas pela Lúcia.

Em Agosto de 2006 regressa a Angola, desta vez ao Huambo, onde se concretizou o Projecto ‘Ponte’ dos JSF. Foi um mês muito intenso que deu para perceber que o ‘Mwenho Ukola’ já tinha pernas para andar (que alegria!), mas havia outras instituições a precisar de grande apoio. E virou-se para o Centro de Mutilados da Kamussamba, fundado pelas Espiritanas num dos bairros periféricos pobres da cidade. Então, as Janeiras de S. Eufémia, apoiaram, nos anos seguintes, o pão para os mutilados e as crianças pobres.

Missão pelo Diálogo... 

É fácil encontrá-la nos espaços mais ousados da Missão hoje, lá onde se joga o diálogo inter-religioso (na mesquita, nos templos hindus...) ou onde se vive o ecumenismo (nos fórum ecuménico jovens, em Taizé...). Não foi por acaso que a Lúcia Pedrosa fez parte da delegação portuguesa à II Assembleia Ecuménica Europeia (Sibiu - Roménia, 2007).

No coração da Amazónia...

Na hora de deixar a Coordenação Nacional dos JSF, a Missão não parou. Aceitou logo o convite para fazer parte da nova equipa do Sector de Animação Missionária do Patriarcado de Lisboa.

Porque tinha que fazer uma formação, no Rio de Janeiro, na área da Fisioterapia, programou logo a vida para ‘queimar’ já as suas férias e acertou tudo com os Espiritanos na Amazónia para ir lá viver a Semana Santa e a Páscoa. Lá está, a vibrar com outros ritmos, a enfrentar outros calores, a acompanhar uma Igreja de remos sempre à procura de novos remadores para a Barca do Evangelho.

(Fim do Post)

Texto: Tony Neves - Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 4 de maio de 2009

PÁSCOA NA AMAZÓNIA

LÚCIA PEDROSA, FISIOTERAPEUTA DO IPO

No princípio era a Fisioterapia. Decidiu dar a vida a diminuir o sofrimento dos outros. O resto veio depois. Quando, em 1997, entrava para os quadros do IPO, em Lisboa, esta leiriense não imaginava as voltas que a sua vida de cristã ia dar.

De Cabo Verde aos Dembos...

Vamos aceitar que tudo começou em 2001 quando, a convite de um Missionário se lançou numa campanha para arranjar mapas e quadros escolares para a Escola da Calheta, em Cabo verde, que acolhia os alunos que a Escola Oficial não aceitava. Foi lá e o fruto desta visita levou-a a envolver muita gente, a começar pela sua Paróquia (Santa Eufémia) que cantou as janeiras para este projecto missionário, seguindo-se a campanha dos livros e padrinhos para apoiar os estudos dos alunos mais pobres.

Em 2003, cruza o mundo e vai parar numas Ilhas perdidas das Filipinas onde fotografa a beleza da paisagem e das pessoas, mas a miséria em que muitos (sobre) vivem. Aumenta a sensibilidade a uma opção pelos mais pobres e a convicção de que as fotos podem dar uma mãozinha à Missão.

Já nos Jovens Sem Fronteiras, candidata-se a uma experiência missionária em África e sai-lhe na rifa a Missão dos Dembos, no norte arrasado da Diocese de Luanda. A sua formação na área da Saúde era vital numa Angola saída de 40 anos de guerra. Este país entrou-lhe no coração para nunca mais de lá sair. Até hoje.

(Continua no próximo Post...)

Texto: Tony Neves - Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR