sexta-feira, 20 de março de 2009

CABO VERDE NO MEU CAMINHO - Conclusão


As actividades em que participei estendem-se por todos os âmbitos da acção da igreja, ma com particular realce na formação dos agentes da pastoral, nomeadamente dos ministros extraordinários da comunhão, o apoio aos vários movimentos existentes da comunidade, leccionando na Escola Secundária Paroquial, colaboração na formação de um grupo de 6 juniores da Congregação das Filhas do Coração de Maria que têm uma casa de formação na nossa paróquia, e do Divino Espírito Santo para a Evangelização (3 d Guiné e 3 de Cabo Verde).

Na seman santa e Páscoa, houve ainda a oportunidade de colaborar na Diocese vizinha do Mindelo, na ilha de Santo Antão, particularmente nas paróquias do Paúl, Ribeira Grande e Santo Crucifixo (Cuculi), contactando com a realidade de uma diocese nascente (há 3 anos) e com o seu primeiro Bispo D. Arlindo. Pela orientação do retiro na semana santa, participei na formação dos seminaristas do seu seminário nascente, que são 3  com o 12º ano e que vivem também na comunidade sacerdotal de Ribeira Grande com o Pe. Ima e o Pe. José Mário.

Nestas terras de Cabo Verde, pude diversificar as minhas aprendizagens, pelo  contacto com uma realidade nova, com a problemática do relacionamento dos missionários com uma jovem igreja local “autónoma” emergente, as questões culturais, históricas e linguísticas, sociais e económicas e mesmo políticas (pude acompanhar as suas eleições autárquicas) de um país que, cmbora considerado de desenvolvimento médio, sofre de seca, a fome e a desigualdade de oportunidades, enfim desafios à Igreja que vive em Cabo Verde.

Estes desafios são convite à igreja que vejo, por vezes, demasiado voltada para si mesma. A missão do padre ou do leigo não é servir a Igreja, mas sim, em Igreja, servir o desígnio de Deus que quer que “todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (ad gentes, 7), é necessário partir ao encontro do outro, do mais afastado, do pobre, e, no amor, toda a igreja se torne mais missionária. Corremos o risco de ser uma igreja de funcionários, nem sempre competentes, que prestam serviços internos, que executam os ritos litúrgicos, que fazem festas sonantes, mas são insensíveis à vontade do Mestre: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 15). Cada comunidade paroquial tem de recuperar o seu dinamismo missionário para abafar sob o peso de ideias atávicas e mesquinhas, de tricas de gente ociosa, insossa e inconsistente. È mais fácil e confortável a rotina de que se limita a esperar que venham ao seu encontro, mas é urgente partir!

Vale a pena aproveitar a graça que será o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra e olhar para S. Paulo como o grande missionário, aproveitando, deste modo, a proposta do Papa para que a Igreja toda redescubra um novo ardor evangelizador e missionário.

Dou graças a Deus por mais esta oportunidade de servir o Senhor e por todas as pessoas , sacerdotes, religiosos e religiosas e leigos que Deus colocou no meu caminho, por estas terras de Cabo Verde. Vai marcar, com certeza, a segunda metade da minha vida que agora começa...

Si Nhor Dés ta tchomabu...labanta bu bai...Nhor Dés alen li,  nhu mandan pa undi Nhu crê!

Texto: Pe. António Felisberto in Em Missão – Ed. Especial Agência Eclesia, Out ‘ 08

Foto: DR

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