quarta-feira, 30 de junho de 2010

P. ANTÓNIO CARLOS, COMBONIANO – DO MALAWI À AUDÁCIA - Conclusão


Missão no Malawi

O Malawi, na África Austral, foi a sua grande terra de Missão, para onde partiu em 97. Lá se foi inculturando e partilhando a vida simples de um povo pobre: ‘Habituei-me à comida tradicional do Malawi, a nsima, massa de farinha de milho, com um ovo cozido, ou uma perna de galinha, ou feijões ou verdura e com molho de tomate’. Aprendeu a língua local, o chichewa, que ia misturando com o inglês, língua oficial. A primeira malária fê-lo passar todo o Tríduo Pascal na cama.

Todas as viagens na área da Missão eram uma epopeia. Mesmo num jipe com tracção ás quatro rodas, às vezes, a viatura atolava e ficava na picada até que alguém viesse rebocar.

Sendo um país pobre, o povo do Malawi conseguiu fazer as suas transições políticas e sociais sem grandes convulsões e derramamento de sangue, sendo este o aspecto mais positivo da sua história. Também apreciou muito a capacidade e o gosto dos jovens para a música, o teatro e o canto: ‘Era espantoso vê-los dramatizar a paixão de Jesus na sexta-feira santa e cantar em grupos na nas grandes festas do ano litúrgico, no natal, na pascoa, nos casamentos, nas procissões’.

Mas também há aspectos muito negativos na vida do povo: ‘a escassez de comida em certos períodos do ano e a sida que mata muita gente jovem são dos piores flagelos que o povo sofre’.

Dirigir a Audácia

Em 2006 deixa o Malawi rumo a Portugal. Passa um ano de actualização na África do Sul e regressa a Portugal para dirigir a revista ‘Audácia’, um desafio enorme: Houve muita coisa que tive que aprender, jornalismo, fazer um revista para jovens e adolescentes, viver o estilo de vida em Portugal, uma vida mais stressante, sem dúvida. Todos os meses temos que pensar nos temas a publicar, o que não é fácil, tendo em conta o desfasamento de interesses entre o publico juvenil e uma revista de cariz missionário que propõe valores humanos e cristãos diferentes dos vividos pela sociedade’.

Voltar a África...

Gostou do que o Papa disse em Portugal e tem a certeza de que o seu futuro não passa por aqui: ‘Tal como o fomos no passado, também hoje somos convocados a ser missionários, uns aqui, outros além fronteiras. Eu assumo-me missionário independentemente de onde estiver, neste momento em Portugal, mas espero num futuro próximo regressar a África’.

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 28 de junho de 2010

P. ANTÓNIO CARLOS, COMBONIANO – DO MALAWI À AUDÁCIA

Foi dia de Santo António e escolhi um António com perfil missionário. Cresceu a jogar bola no adro da Igreja, mas só aos 21 anos entrou no Seminário. O Malawi foi a sua terra de Missão onde aprendeu a viver e anunciar o Evangelho a um povo pobre e acolhedor. É o director da revista Audácia, que fala da Missão a adolescentes e jovens.

Da Venezuela a Aveiro

Nasceu fora de portas lusitanas, pois os pais eram emigrantes na Venezuela. Após a primária, veio para Portugal, ficando entregue aos cuidados de um tio, que era pároco em Aveiro. Gostava de jogar futebol e andar de bicicleta no adro da Igreja. Longe dos pais e das irmãs, cresceu num ambiente de Fé, mas a questão vocacional só se lhe colocou quando já estava no 12º ano, com 18 anos: ‘o professor, que era padre, falou sobre a sua vocação e disse que depois de ter completado o liceu foi para o seminário. A pergunta ecoou de imediato dentro de mim: ‘e tu porque não fazes o mesmo?’ Senti um fogo a arder no meu interior que não me deixava em paz, um claro chamamento de Deus que, no entanto, não sabia como realizar’.

Universidade ou Seminário?

No fim do ano, estava numa encruzilhada: Universidade ou Seminário? Escolheu ambas... pois entrou em Filosofia na Universidade de Coimbra e começou a aprofundar a sua vocação com os Combonianos, porque tinha ‘muito interesse por outros povos e grande preocupação pela pobreza e pelas injustiças’. Tinha 21 anos quando entrou para os Combonianos, em Coimbra. Terminou o curso de Filosofia e entrou no Noviciado.

Os primeiros tempos foram muito difíceis na adaptação aos novos colegas e ao novo estilo de vida. Após o Noviciado foi estudar teologia para Inglaterra com outros jovens vindos dos quatro cantos do mundo: ‘aqui aprendi a viver a diversidade de línguas, raças e culturas, além de me orientar para a vida missionária nos estudos de teologia’. Foi ordenado Padre, na Sé de Aveiro, em Julho de 1996.

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Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto. DR

sexta-feira, 25 de junho de 2010

EUGÉNIO FONSECA, PRESIDENTE DA CARITAS – MISSÃO COM ROSTO SOLIDÁRIO - Conclusão

Caritas de Setúbal

E veio a Caritas, a sua grande paixão, a sua imagem de marca. A região de Setúbal, há 20 anos, vivia tempos de pobreza a sério. D. Manuel Martins lançou-me o desafio de tentar responder à grande carência que vitimava muitos setubalenses e eu aceitei o desafio: ‘. Estava longe de imaginar que o meu compromisso cristão iria ter uma reviravolta de tão grande. Com os pobres e pelos pobres tenho encontrado maior identificação com Cristo e, assim, ser mais cristão. São muitas e indescritíveis as experiências vividas ao longo destes últimos 20 anos. Estar com os pobres é estar em permanente missão porque interiorizo, com as devidas distâncias, a profecia de Isaías, assumida por Jesus: O Senhor enviou a anunciar a Boa Nova aos pobres…’.

Caritas nacional

Em 1999, o espaço da missão alargou-se ao país e ao mundo, em particular aos países lusófonos, quando aceitou o convite da Conferência Episcopal para presidir à Direcção da Cáritas Portuguesa: ‘tem sido uma experiência muito exigente mas muito rica, pois faz-me estar em permanente diálogo com pessoas e estruturas não eclesiais, onde procuro prestar os contributos solicitados apoiado pelos conhecimentos que me advêm da Sagrada Escritura e da Doutrina Social da Igreja. São espaços privilegiados de evangelização’.

Pertence à Direcção da CNIS e preside à Confederação Portuguesa do Voluntariado.

Enfrentar a doença

A saúde tem-lhe faltado: ‘O meu campo de missão, nos três últimos anos, foram algumas das unidades de saúde, em particular o hospital de Setúbal. Enfermidade complicada fez-me ter longos períodos de internamento. O sofrimento e a forma como o procurei aceitar e viver foi outra forma de ser missionário, com experiências de tal profundidade que as guardo no coração’.

Estímulo de Bento XVI

Após a visita de Bento XVI, que quis encontrar quantos se empenham na Pastoral Social, ‘a missão hoje ter-se-á que fazer, decerto, pelo anúncio da Palavra, mas a forma mais eficaz de a realizar é a prática de uma Caridade libertadora’.

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

terça-feira, 22 de junho de 2010

EUGÉNIO FONSECA, PRESIDENTE DA CARITAS – MISSÃO COM ROSTO SOLIDÁRIO

Falar hoje da Caritas obriga a citar Eugénio Fonseca, o seu Presidente. Cresceu em S. Sebastião de Setúbal. Foi Professor. Empenha-se na Pastoral Social. É um braço da Igreja que estende a mão aos mais pobres. Experimenta a doença. Gostou de ouvir Bento XVI, em Fátima, a lançar um estímulo enorme a quem combate a pobreza em nome de Cristo. Celebra esta terça-feira, dia 22, as suas Bodas de Prata Matrimoniais. Parabéns.

S. Sebastião

Nasceu em Setúbal, a ver o Atlântico: ‘o meu bairro era habitado, sobretudo, por famílias ligadas ao mar e à industria conserveira de pescado’. Cresceu na Paróquia de S. Sebastião: ‘ali colaborei como acólito, animador de grupo coral, catequista, animador de grupos de jovens. Com 10 anos integrei a 1.ª Conferência vicentina juvenil, tendo, anos mais tarde, integrado também o grupo sócio-caritativo da paróquia’. E por aqui se vê que a solidariedade numa perspectiva cristã já lhe circula nas veias desde pequeno.

Pertenceu às equipas vicariais de catequese e de animação dos jovens. Casou com uma das jovens do grupo coral. Deste Matrimónio nasceriam os dois filhos, um com 24 anos e outro com 19.

Professor na periferia

Aceitou o desafio de leccionar ‘Religião e Moral’, como então se chamava a Educação Moral e Religiosa Católica. A primeira experiência foi á prova de fogo como conta o prof. Eugénio. ‘Fui mandado, em pleno PREC (1975-76) para a Escola Preparatória da Baixa da Banheira; dois anos depois para a Escola Secundária do Bairro da Bela Vista, em Setúbal. Dois estabelecimentos de ensino implantados em zonas que lançavam reptos de anúncio da Boa Nova bastante aliciantes. Num tempo revolucionário em que a afirmação dos cristãos exigia posições claras e decididas. Foi nesse tempo, que foi criado um grupo de jovens que se reunia num antigo estabelecimento comercial de um dos bairros da paróquia, pois alguns dos jovens tinham ainda respeitos humanos para se reunirem na igreja. Chegamos a interromper as reuniões do grupo por estar a porta do local, onde nos reuníamos, a ser apedrejada’.

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Texto: Tony Neves iN Jornal Voz da Verdade - Perfil

Foto: DR

sexta-feira, 18 de junho de 2010

ALBERTO MENDES, IRMÃO DE S. JOÃO DE DEUS – A MISSÃO DA HOSPITALIDADE - Conclusão


Rumo ao sacerdócio

Entrou no Postulantado em 1994, no Telhal, fez Noviciado em Espanha, a Primeira Profissão em 1997, em Lisboa. Manteve, durante todos estes anos, a prática da hospitalidade, no contacto directo com os doentes. Passou a viver na Casa Provincial, em Lisboa, para seguir os estudos de Teologia na Católica. Depois da Profissão Solene, foi Ordenado diácono em 2002, juntamente com os seus colegas de estudo, Diocesanos, no Mosteiro dos Jerónimos.

É Irmão e é Padre, situação que é rara nesta Ordem Hospitaleira. O Alberto explica: ‘apesar de sermos uma Ordem Laical, temos um privilegio da Santa Sé, para podermos ter padres próprios para o serviço pastoral dos nossos centros e hospitais’. O mais normal seria que ele fizesse outra formação académica: ‘geralmente, tiramos cursos para trabalhar na missão, na área da saúde, no entanto, em diálogo com os superiores, achou-se por bem, vocacionalmente, ser um Irmão Padre, em vez de ser Irmão enfermeiro, médico, psicólogo, administrativo, etc’.

Um mar de tarefas....

A Ordenação de Padre foi em Vilar de Frades, Barcelos, ao lado do Centro dos Irmãos de S. João de Deus, em 2003. Nomeado Capelão deste Centro, assumiu logo a responsabilidade, a nível da Ordem, de coordenar a pastoral juvenil e vocacional. Também lhe confiaram a tarefa de coordenar a Juventude Hospitaleira, o ramo juvenil laical de quantos querem partilhar a espiritualidade e a Missão dos Irmãos e das Irmãs que bebem da fonte de S. João de Deus. Estas tarefas mantêm-se sob a sua responsabilidade.

De 2004 a 2007 foi capelão no Centro, da Casa Provincial, situada em Lisboa junto á Universidade Católica, na Paróquia de S. Tomás de Aquino. Desde 2007 é Capelão na Casa de Saúde do Telhal. A 30 de Maio, no Capítulo Provincial da Ordem, foi eleito 2º Conselheiro Provincial, cargo que via desempenhar até 2014, mantendo todas as outras responsabilidades. A Capela do Hospital está aberta ao povo que reside nas imediações e funciona como capelania da Paróquia de Algueirão – Mem Martins.

Ordem Hospitaleira

A Ordem dos Irmãos de S. João de Deus foi fundada por este santo português nascido em Montemor-o-Novo em 1495. Ele fez uma opção clara pelos doentes abandonados, sobretudo os que padeciam de doenças do foro psiquiátrico. Hoje, a Ordem está em 50 países e dirige 288 Obras apostólicas. Conta o Irmão Alberto: ‘tem como missão a hospitalidade - evangelizar pela hospitalidade, em que o grande desafio é o trabalho conjunto com os colaboradores - que sempre nos marcou desde o início da Ordem, com S. João de Deus’.

Mensagem final

O Irmão Alberto deixa uma mensagem: ‘Sejamos bons samaritanos, sendo hospitaleiros na atenção ao próximo, principalmente com as pessoas que mais sofrem, dando nos aos outros com muita hospitalidade!’.

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

quarta-feira, 16 de junho de 2010

ALBERTO MENDES, IRMÃO DE S. JOÃO DE DEUS – A MISSÃO DA HOSPITALIDADE

Os pobres e doentes, porque pequenos e excluídos, são a paixão do Irmão Alberto, desde que fez um Campo de Férias no Telhal. A administração da Ordem (2º Assistente), a Capelania da Casa de Saúde do Telhal, a Pastoral Vocacional e a Juventude Hospitaleira são os actuais campos de uma Missão que monta a sua tenda nas margens da sociedade.

Da aldeia ao Seminário

Amarante foi o berço do Alberto. Na sua paróquia fez a caminhada de qualquer criança e adolescente nascido numa família cristã. Cedo começou a ser catequista e, num encontro juvenil organizado pelos Combonianos, percebeu que Deus o chamava a ser padre. Assim, entrou no Seminário Menor da Diocese do Porto, em Ermesinde. Tinha 16 anos. Ali estudou do 7º ao 12º anos.

Ser Irmão de S. João de Deus

Deus lá sabe como explicar às pessoas o caminho que lhes quer indicar e, nas férias de verão do 11º ano, foi até à Casa de Saúde de S. João de Deus, no Telhal, para um Campo de Férias Hospitaleiro. Foi um grande desafio, pois não conhecia nada e até tinha medo do mundo da psiquiatria... A experiência foi tão forte que – como confessa – ‘durante o 12º ano, no Seminário, só pensava em voltar para o Telhal, mudar de vida, porque o carisma era apaixonante, queria ser Irmão de S. João de Deus e viver o carisma da hospitalidade’.

Como convém sempre, o Reitor do Seminário pediu serenidade e aconselhou a não tomar nenhuma decisão precipitada, continuando os estudos de Teologia até que percebesse mesmo o que Deus dele esperava. A decisão não tardou porque ‘todo o meu ser estava já no Telhal a viver a hospitalidade com os pobres e os doentes. Tinha de ser na Ordem Hospitaleira, porque o carisma de estar com os mais pequenos e excluídos me tocava mais e me chamava a entregar-me a Deus neles, mesmo sem ser padre’.

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Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 14 de junho de 2010

JOAQUIM FRANCO, JORNALISTA DA SIC – DO OUTRO LADO DO ECRÃ - Conclusão

Trabalhos mais ‘relevantes’

“Se tivesses que destacar alguns trabalhos jornalísticos, quais consideravas mais relevantes?” – perguntei. Joaquim Franco apostou em três: ‘Missão: Sobreviver ao Futuro’, ‘A Escola da Selva’ e ‘Até ao último Índio’, reportagens SIC/Expresso, sobre as tensões culturais, políticas e económicas da luta pelos direitos dos povos indígenas do Brasil, particularmente os índios Ianomami da Amazónia; Enviado Especial a Timor-Leste, em 1999, para o processo de auto-determinação, num trabalho da TSF que valeu o reconhecimento da Assembleia da República; Enviado Especial ao Vaticano, em 2005, pela morte do Papa João Paulo II e eleição de Bento XVI.

Com Bento XVI

Antecipou, em reportagens, a visita do Papa. Apresentou e moderou as emissões especiais em directo na SIC, em Lisboa, Fátima e Porto. Entende que a visita de Bento XVI foi um estímulo para os católicos, mas também uma “oportunidade para relançar o debate imprescindível sobre a religião e a sociedade, Portugal e a Europa, num tempo aberto à pluralidade cultural e à inevitável convivência religiosa”. Dos discursos do Papa, salienta a “lucidez e coragem, embora com alguma ambiguidade em jeito de desafio aos católicos”. Até onde pode ir o povo de Deus, quando Bento XVI “apela à criatividade e humildade, reforçando ao mesmo tempo, como dimensão inquestionável, a fidelidade ao bispo de Roma?”, pergunta o jornalista, acrescentando que o “Papa Ratzinger deixou clara uma evidência evangélica: sem o testemunho da caridade não há Deus, ou seja, a fé sem caritas é um bluff”. Há por aí “muita experiência místico-gasosa atraente, mesmo dentro da Igreja, mas despida do essencial… o outro”, remata Joaquim Franco.

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

segunda-feira, 7 de junho de 2010

JOAQUIM FRANCO, JORNALISTA DA SIC – DO OUTRO LADO DO ECRÃ


Perito em temáticas religiosas, acredita que o Evangelho se anuncia melhor pelo compromisso social. Pertence a uma Equipa de Casais. É membro da Comissão Nacional de Justiça e Paz e da administração da Misericórdia da Amadora. A SIC é o seu espaço de Missão, onde acaba de coordenar a cobertura da Visita de Bento XVI a Portugal.

Por terras da Amadora

Nasceu em Lisboa, cresceu na Amadora, mas as suas raízes familiares estão em Arraiolos. Umas das lições de vida que mais o marcou, ainda miúdo, foi perceber que “a pobreza só é inevitável se prevalecer a indiferença”. Tomou consciência das realidades sociais quando, aos 14 anos, integrou a comunidade juvenil da paróquia da Amadora que trabalhava junto de bairros pobres, crianças órfãs e famílias desfavorecidas. Quase três décadas depois, casado e pai de dois filhos, Joaquim Franco é membro da Comissão Nacional de Justiça e Paz e da administração da Misericórdia da Amadora. Funções exercidas em regime de voluntariado.

A paixão do jornalismo

Fez formação em jornalismo no Centro de Formação Profissional de Jornalistas (CENJOR) e em Ciência das Religiões (Universidade Lusófona). É um dos rostos da SIC, televisão em que trabalha desde o ano 2000, integrando a equipa de jornalistas que fundou a SIC Notícias. Recorda-nos o Joaquim: “Estava em Fátima na visita de João Paulo II quando acertei os últimos pormenores para o contrato com a SIC”. Antes, passou pela TSF, Rádio Comercial e Correio da Manhã Rádio. Colaborou no programa 70X7. Agora, a sua imagem de marca é a especialidade em temas religiosos, na qual se tem destacado com reportagens de abordagem transversal e inter-religiosa. “Jornalismo porquê? Foi a sequência normal do fascínio pela comunicação” – confessa-nos o Joaquim.

O seu vasto curriculum de homem de comunicação já deu direito a prémios. Cito dois: recebeu em 1999 o Prémio Comunicação Social – Rádio, pela reportagem ‘A Terceira Idade da Inocência’, na TSF, e teve a Menção Honrosa Impresa, em 2005, pelo documentário ‘João Paulo II, o primeiro Papa global’, emitido na SIC e distribuído pelo jornal Expresso.

O Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas (hoje Alto Comissariado para a Integração e Diálogo Intercultural) nomeou as reportagens ‘Ritual da Morte no Islão’ e ‘Cigano no Hospital’, colocando-as entre as melhores de 2006, pelo que reconheceu o “contributo profissional para a tolerância e integração dos imigrantes”.

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Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

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quarta-feira, 2 de junho de 2010

SER MISSIONÁRIO - #4 - Conclusão

Ser missionário no regressar

Ao finalizar esta breve reflexão gostaria de fazer uma referência a uma etapa que, às vezes, passa despercebida: o regresso, temporário ou definitivo, do missionário à Igreja que o enviara. No Evangelho de São Lucas, Jesus envia os discípulos dois a dois em missão, à sua frente. Eles partiram, tentaram pôr em prática os ensinamentos do Mestre e, mais tarde, “voltaram cheios de alegria” contando a Jesus tudo o que tinham realizado. Estavam particularmente radiantes porque, diziam eles, “até os demónios se sujeitaram a nós, em teu nome”. Lendo o relato evangélico notamos que Jesus refreia o optimismo e o entusiasmo dos discípulos, recordando-lhes que tudo aquilo que fizeram é devido ao poder de Deus e não ao mérito pessoal de cada um deles. Aliás, Jesus parece recomendar que não se deixem cegar pela contemplação dos prodígios realizados (Lc 10,17-20).

Regressar é, neste sentido, voltar às origens, à comunidade que enviou, à fonte de onde brota a vocação missionária. Regressar faz bem à missão, fortalece os laços entre as comunidades, cria elos recíprocos, faz crescer a unidade e promove a partilha, não só de bens materiais mas, sobretudo, de experiências de fé. Recordemos a este propósito o texto dos Actos dos Apóstolos que descreve o regresso de Paulo e Barnabé a Antioquia após a sua primeira viagem missionária (Act 14, 26-28). Reuniram a comunidade que os tinha enviado e “contaram tudo o que Deus fizera com eles, e como abrira aos pagãos a porta da fé”. O regresso serve, pois, para animar a comunidade cristã e fazer crescer a esperança narrando as maravilhas que Deus faz por esse mundo fora.

Os padre ou as religiosas que vão regularmente de férias ao seu país natal, ou que regressam definitivamente, os leigos que retomam a sua profissão após um ou dois anos na missão e os voluntários que regressam a casa após um curto período de trabalho missionário fora da sua pátria, voltam diferentes, sobretudo se conseguiram viver plenamente as etapas anteriores: ser enviado, partir, e chegar ao destino.

Muitas vezes, o regresso custa tanto como a partida, porque voltar também é partir… de lá para cá. A partida de José Freinademetz de Puoli para outra região da China significou uma pequena dor no seu coração como ele escreve: “Desta vez não pude conter as lágrimas. Começava a querer demasiado aos meus cristãos de Puoli... mas o missionário não deve estar preso a nada e menos aos seus filhos espirituais. O meu melhor lugar será sempre aquele em que Deus necessite de mim.”[1]

Nalguns países é corrente fazer-se uma celebração de envio, quando os missionários regressam definitivamente à sua pátria de origem ou vão passar alguns meses de férias. No Ghana, por exemplo, isto é uma prática comum para desejar boa viagem ao missionário e para lhe confiar as notícias da comunidade que deve comunicar àqueles que vão o receber de volta. O esquema e o significado simbólico desta celebração estão relacionados com as celebrações tradicionais de bênção aos que partem em viagem para longe da família ou da aldeia. Dessa celebração tradicional faz parte integrante a libação invocando a protecção dos antepassados e a bênção de Deus para a acção a empreender.[2]

A missão é, pois, um caminho para ir e para voltar. Ao regressar começam naturalmente as comparações. De lá, recordam-se com saudade as celebrações cheias de cor, alegria e vida; a tenacidade dos catecúmenos adultos que se preparam para o baptismo durante vários anos, o acolhimento de cada pessoa na comunidade, o papel dos leigos e dos catequistas. Nos momentos em que a vitalidade das igrejas africanas se impõe face à aparente aridez e desolação do cristianismo europeu, recordo as palavras de uma irmã missionária, com muitos anos de missão em Moçambique. Ela costumava dizer que, devido ao clima, em África o milho produz duas vezes por ano e em Portugal só produz uma; por isso, no trabalho pastoral o importante não são os muitos ou poucos frutos, mas o empenho e a dedicação que se coloca no amanho da terra. Regressar pode ser, nesta perspectiva, uma ocasião excelente para evangelizar as Igrejas da velha Cristandade. Voltar pode ser um acto de esperança, um foco de luz que se traz de longe para uma terra arrefecida. Não tenho dúvidas de que a presença dos missionários nas suas comunidades de origem pode ser um grande estímulo para a renovação da Igreja, desafiando os cristãos a estenderam o olhar para além dos problemazinhos do seu campanário, convidando-os ao desprendimento, à partilha, ao encontro com os outros e à solidariedade.

Texto: Pe. José Antunes, SVD

Foto: Fernandesphotograph


[1] Ibid: 123.

[2] Nunca esquecerei a celebração de envio que as comunidades de Kintampo realizaram quando regressei do Ghana. As comunidades cristãs juntaram-se numa aldeia mais central, Pamdu-Paninamissa, onde celebrámos a Eucaristia debaixo das mangueiras. Devido ao ambiente de festa não recordo quase nada do que então disse. Lembro-me que, na homilia, pedi às pessoas para ajudarem e encorajarem os vários seminaristas que havia na paróquia e que, devido à emoção, não consegui terminar a última frase da missa. Após a Eucaristia, seguiu-se uma festa, onde fui presenteado com alguns objectos da região e mandioca para a viagem. Depois os representantes das várias comunidades tomaram a palavra para fazerem o send off, o envio. Recordo que agradeceram a Deus a minha estadia entre eles, invocaram a Sua bênção para a viagem e para o meu futuro campo de trabalho e pediram-me para transmitir à minha família, amigos e confrades, as saudações desta outra família da qual também já fazia parte. A terminar, em duas ou três frases, agradeci a Deus por me ter dado a graça de ter sido missionário no Ghana, de ter recebido tanta amizade e compreensão e por ter aprendido ser cristão, a ser padre e a ser Igreja.