quarta-feira, 25 de março de 2009

APOIAR A VIDA DOS IMIGRANTES - Conclusão

Na Austrália, com Psicologia

1999 obriga a mais uma mudança continental: faz Votos Perpétuos e é nomeada para a ...Austrália, obrigando a uma nova abertura cultural e linguística: depois do Português e do Espanhol...vai até Inglaterra para estudar Inglês, em 10 meses. Depois, faz as malas e parte para o país que Bento XVI escolheu para se encontrar com os jovens nas últimas Jornadas Mundiais de Juventude. Foi no ano 2000 que aterrou, em pleno jubileu, nesta terra onde há imigrantes de cerca de 200 países. A Austrália era um país estranho que ‘acolhia de forma extraordinária alguns refugiados, mas detinha, de forma desumana, os imigrantes ditos irregulares’. A Igreja e as ONGs denunciaram muitas vezes esta situação, mas sem grande sucesso.

Estudou Psicologia pois sempre achou importante, para a sua Missão, conciliar a Espiritualidade e a Psicologia: ‘Estou convencida que uma dos momentos de maior sofrimento é quando a pessoa perde o sentido da vida’. É preciso ajudar as pessoas a encontrá-lo e o apoio psicológico pode dar um contributo decisivo nesta busca.

Com os Imigrantes, em Lisboa

Em 2006 regressou a Portugal, integrando a comunidade da Servas do Espírito Santo que vivem em Odivelas. São 3, de outros tantos continentes: uma portuguesa, uma timorense e uma angolana. Porque querem anunciar o Evangelho aos pobres, apoiam grupos de catequese, desenvolvem Animação Missionária com os Institutos Missionários Ad Gentes e acompanham a pastoral dos imigrantes. Outras Irmãs vivem em Casal de Cambra, num bairro de realojamento, por opção de Congregação.

Licenciada em Psicologia Clínica, com especialização em psicologia transcultural, a Irmã Maria José trabalha no Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS) desde Fevereiro de 2007. Conheceu esta organização na Austrália e agradou-lhe o seu carisma: ‘tem uma presença muito activa na defesa dos direitos dos imigrantes e refugiados detidos pelo governo australiano’.

Cá em Lisboa, dá apoio psicológico a imigrantes e coordena a Área de Saúde Imigrante do JRS. Tem encontrado uma forte ligação entre os problemas de foro psicológico e a sua situação social e legal: ‘percebo melhor a situação de grande vulnerabilidade social em que muitos imigrantes se encontram e quanto esta situação os expõe à exploração dos empregadores e arrendatários’. A insegurança, a irregularidade, o trabalho precário, o acesso limitado à saúde...são situações que levam imigrantes a procurar apoio psicológico. Há estatísticas que doem: ‘Nos imigrantes que acompanhei, os problemas mais comuns foram os sintomas de ansiedade (25%), sintomas depressivos (22%), isolamento e solidão (21%), luto e perda de esperança (11%), ideia de suicídio (9%).

A intervenção pastoral e social obriga a Espiritualidade e a Psicologia a passear-se, de braço dado, nos caminhos da vida dos imigrantes. Em nome de Deus, claro!

 Texto: Pe. Tony Neves – Jornal Voz Verdade(w) – Perfil

Foto: DR

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