quarta-feira, 2 de julho de 2008

MISSÃO QUE É JUSTIÇA E PAZ E INTEGRIDADE DA CRIAÇÃO

O documento conciliar sobre a Igreja no mundo contemporâneo (Gaudium et Spes) começa por uma frase típica e determinante para a Missão da Igreja no nosso tempo. “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo: e não há realidade verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração”
É o homem concreto, vivendo num mundo de desigualdades sociais, vítima de injustiças, de exclusão e de exploração que vai inspirar e orientar a missão da Igreja. É a situação gritante dos povos subdesenvolvidos e explorados nas suas matérias-primas, continuando a alimentar os países ricos e a sua indústria poluidora do ambiente que merece a atenção da Igreja.

A missão reveste cada vez mais o rosto da justiça social e da construção de uma paz justa e duradoira, da cultura da não-violência, da defesa dos direitos humanos e da dignidade da pessoa humana.

O anúncio do Evangelho passará pela promoção de um desenvolvimento sustentado, de novas formas de solidariedade, da abertura de um espaço cada vez maior para a pessoa e para as relações humanas, gratuitas, não instrumentalizadas. É o desafio dos valores da pessoa, dos gestos sem retorno, da construção de comunidades à escala humana.

Ser cristão hoje implica acreditar no testemunho da sobriedade e da pobreza, dos valores do Evangelho, que resistem ao tempo, na ascese e na simplicidade de vida, na preocupação pela defesa do ambiente e até na reciclagem dos produtos.

A missão passa hoje pela salvaguarda dos direitos da pessoa, da igualdade de todos os seres humanos, sem distinção de sexo ou categoria social, nomeadamente pela afirmação dos direitos da mulher, das minorias, das crianças e dos deficientes. A missão preocupa-se com a luta pelos direitos do ambiente e a defesa da qualidade de vida.

Vivemos um tempo de grande sensibilidade aos valores regionais, ao amor à terra, à diversificação de culturas e religiões. Por isso o diálogo inter-religioso e inter-cultural, a descoberta dos valores das outras religiões e o respeito por todas as culturas são hoje um caminho obrigatório para o anúncio do Evangelho.

O mundo da mobilidade, dos emigrantes, dos deslocados e dos refugiados lança sem dúvida novos desafios à missão da Igreja. A missão torna-se peregrina, inscreve-se nessa caravana de gente à procura de um futuro melhor e levanta a sua tenda no acampamento dos seus sonhos e esperanças.


Foto: Lusa

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