1. A oração ocupa um lugar central na missão de Paulo. “Rogo-vos, irmãos, por Nosso senhor Jesus Cristo e pela caridade do Espírito Santo, que me ajudeis com as orações que dirigis a Deus por mim, para que me livre dos incrédulos que há na Judeia e para que o auxílio que levo a Jerusalém tenha boa aceitação da parte dos santos” (Rom 15,30).
2. A oração é a marca da comunidade de fé que Paulo queria fundar. “Não vos inquieteis com coisa alguma, mas em todas as circunstâncias apresentai os vossos pedidos diante de Deus, com muitas orações e preces e com acção de graças. A paz de Deus que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Jesus Cristo” (Fil 4, 6-7).Desde a sua primeira carta, Paulo tinha proposto a oração como a maneira de ser da comunidade cristã. “Orai sem cessar; e em todas as circunstâncias dai graças, pois é a vontade de Deus, em Cristo Jesus, a vosso respeito” (1 Tes 5,17-18).
3. A oração situa-se no coração da sua vida apostólica. Uma leitura das cartas de Paulo leva-nos a uma primeira constatação: a oração de Paulo é alimentada exclusivamente pela sua actividade apostólica, pelas notícias que recebe das comunidades e os seus projectos apostólicos. Paulo reza a partir do que vive, das suas consolações, das suas tribulações e das suas amizades. Por isso a sua oração está cheia dos problemas que ele vive, das alegrias que marcam o seu apostolado, das esperanças e dos sonhos que tem a respeito das suas comunidades. “Noite e dia dirigimos a Deus as mais instantes súplicas para que possamos ver o vosso rosto e reparar as dificuldades da vossa fé” (1 Tes). As cartas sublinham o intenso compromisso que a oração implica.
4. A oração é partilhada. Paulo partilha a sua oração. Convida os seus leitores à oração e à acção de graças para que também eles descubram a vontade de Deus, especialmente nas assembleias onde o Espírito se manifesta. “Orai sempre. Em tudo dai graças. Esta é a vontade de Deus a vosso respeito” (1 Tes 5,18). S. Paulo não se sente sozinho nas suas relações com Deus. Ele reza com toda a comunidade.
5. Uma oração dirigida ao Pai. Em S. Paulo, todas as fórmulas de oração dirigem-se sempre ao Pai, não a Cristo. “Damos graças a Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, nas orações” (Col 1,3). Ou então: “Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo…” (2 Cor 1,3). Isto traduz a profundidade da oração de Paulo.
6. Uma oração enraizada na tradição. A oração de S. Paulo está em sintonia com a oração bíblica. Não é uma oração devocional mas enraizada na mais pura tradição da oração do povo de Deus. Privilegia a acção de graças, o louvor, a súplica, os hinos. As bênçãos e todas as constantes dos grandes orantes do Antigo Testamento. Algumas das suas intervenções orantes são autênticos salmos.
7. A oração no Espírito. A oração para Paulo é a voz do Espírito Santo em nós. “O Espírito ora em nós com gemidos inexprimíveis e faz-nos clamar Abba, ó Pai” (Rom 8, 15).
O Espírito intercede por nós e está no coração da nossa oração. Ele conhece as profundezas de Deus e dá-nos a possibilidade de penetrar nos mistérios da sabedoria de Deus. A oração leva-nos ao coração da Trindade. “De maneira semelhante é que o Espírito vem em ajuda da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir nas nossas orações mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis” (Rom 8, 26).
In "S. Paulo e a Missão sem Fronteiras" - Ed. LIAM
(Fim do Post)
Foto: João Cláudio Fernandes
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