segunda-feira, 21 de julho de 2008

PERSPECTIVAS DA MISSÃO...III Parte

A MISSÃO, FESTA DOS POVOS

3. A missão como diálogo ecuménico

No início os primeiros cristãos só anunciavam o Evangelho aos judeus, pois na Palestina só moravam judeus. Mas a perseguição a quando da morte de Santo Estêvão dispersou os cristãos pelo mundo (Actos 11,19). Alguns chegaram a Antioquia e começaram a falar de Jesus também aos pagãos, isto é, aos Gregos (actos 11,20). Barnabé foi ali enviado para ver o que se passava e fazer o devido discernimento. Viu e achou bem e chamou Paulo para trabalhar com ele. “Durante um ano inteiro mantiveram-se nessa cidade e ensinaram muita gente. Foi em Antioquia que, pela primeira vez os discípulos de Cristo começaram a ser tratados por “cristãos” (Actos 11,26). De Antioquia a novidade espalhou-se por todo o mundo, sobretudo a partir das viagens de Paulo.

Ao redor das sinagogas das várias cidades do Império foram surgindo grupos de pagãos que simpatizavam com o judaísmo. Havia os prosélitos e os tementes a Deus. Os prosélitos observavam integralmente a lei de Moisés, eram mesmo circuncidados, não eram muito numerosos. Os tementes a Deus ou adoradores de Deus observavam só algumas partes da Lei, frequentavam a sinagoga, mas não aceitavam a circuncisão. Estes eram o grupo mais numeroso e mais atento a Paulo (Actos 13,16.26). Para estes, o Evangelho era realmente uma Boa Notícia e aceitavam-no com muita alegria (Actos 13,48; 15, 31; 17,4.12). Para eles o Evangelho era uma festa.

Mas o confronto dentro da fé verifica-se também no terreno cultural e religioso do helenismo, onde predominavam os grandes movimentos filosóficos e os diferentes cultos e associações religiosas. Paulo viu-se confrontado com o epicurismo e o estoicismo, duas correntes filosóficas preocupadas com propagar a arte de viver feliz mediante a busca de um equilíbrio sábio.

Ao lado destas filosofias populares persistiam os antigos cultos e tradições religiosas que impregnavam a vida social e económico das cidades. Em Éfeso Paulo entrará em choque com a corporação dos ourives, chefiada por Demétrio, que defendia os interesses dos fabricantes de ex-votos às divindades pagãs, como também o culto da grande deusa – mãe Artemis, protectora da cidade e de toda a Ásia (Actos 19,24-32). Festas, sacrifícios e procissões segundo um calendário fixo, regulavam a vida religiosa das grandes cidades. Templos, estátuas de várias divindades tutelares constituíam o cenário religioso das cidades helenísticas. Em Atenas, o número de estátuas e altares votivos impressionou fortemente Paulo (Actos 17,16). O discurso de Paulo no areópago de Atenas é um modelo de anúncio cristão, que procura interpretar as esperanças humanas que se envolvem nas melhores aspirações da religiosidade e cultura helenística (Actos 17,22-31).


Pe. Adélio Torres Neiva, CSSp
In "S. Paulo e a Missão sem Fronteiras" - Ed. LIAM
(Cont. no próximo Post)
Foto: João Cláudio Fernandes

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