quinta-feira, 17 de julho de 2008

PERSPECTIVAS DA MISSÃO...

A MISSÃO, FESTA DOS POVOS


Palavra de Paulo: Filip 1, 1-11

A primeira imagem que recolhemos da leitura dos Actos dos Apóstolos, a respeito de Paulo, é a imagem de um conquistador. É a imagem que está no átrio da basílica de S.Paulo em Roma: um conquistador com a espada na mão. Sabemos que esta espada é a espada do martírio, mas isso não é evidente à primeira vista: parece antes a espada de um conquistador da fé, uma espécie de cruzado.

O apóstolo infatigável, sempre em viagem, de malas feitas, levando o Evangelho a terras e povos cada vez mais distantes, a estratégia inspirada alargando progressivamente as fronteiras da fé cristã é a imagem Paulina que guardamos na memória. É uma visão militante, um tanto quanto triunfalista mas que está longe da verdadeira imagem de Paulo que os Actos dos Apóstolos nos apresentam. Vale a pena focá-lo um pouco mais de perto.

1. A missão como festa

a) O dia do Pentecostes em que nasceu a Igreja Missionária é-nos apresentado nos Actos dos Apóstolos como uma grande festa. Ali estavam reunidos todos os povos de então: Partos, Medos, Elamitas, Habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frígia e da Panfília, do Egipto e das regiões da Líbia cirenaica, colonos de Roma, judeus e prosélitos, cretenses e árabes. E ali ouviram os apóstolos em cada língua anunciar e cantar a maravilhas de Deus. A missão começou portanto por ser uma grande festa que uniu povos diferentes e culturas diferentes (judeus e prosélitos, cretenses e árabes) em que não faltou o canto e o louvor. Não foi efectivamente um funeral.

b) Também para S.Paulo anunciar o Evangelho era levar uma boa notícia e como tal era sempre uma festa. No início de quase todas as suas cartas ele confessa a alegria que sentia com a evangelização das suas comunidades. Elas eram a sua coroa de glória. Por isso o louvor e a acção de graças são uma das constantes das suas cartas. Ele saberá ver até nas provações e dificuldades que a missão lhe causava um pretexto para se gloriar e festejar. A participação nas chagas e na cruz de Cristo era para ele um motivo de alegria e de festa. Este coração sempre apaixonado pelo Senhor, que anunciava, dava-lhe aquela liberdade de Espírito de que tem sempre uma alegria e uma boa notícia a comunicar.
A missão era uma festa também pelo conhecimento de pessoas que adquiria, pelas relações humanas que criava, pelos amigos que fazia. No início e no final das suas cartas ele não resiste à tentação de os recordar, saudar e recomendar-se a eles.


Pe. Adélio Torres Neiva, CSSp
In "S. Paulo e a Missão sem Fronteiras" - Ed. LIAM
(Cont. no próximo Post)
Foto: João Cláudio Fernandes

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