segunda-feira, 30 de junho de 2008

A paróquia, comunidade missionária


A diocese ou Igreja local não é uma parcela da Igreja universal, como um concelho é parcela de um distrito, mas antes uma porção do povo de Deus na qual, como na célula ou na gota de sangue, está o todo do nosso organismo. Assim a Igreja diocesana é a Igreja em plenitude à frente da qual está um pastor, o bispo, e na qual somos baptizados e chamados a viver e construir a comunhão de Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Esta Igreja é sacramento desta comunhão e da unidade do género humano, tornando-se sacramento universal de salvação e expressão única e privilegiada da Igreja una, santa, católica e apostólica que professamos no credo.

Mas esta Igreja local só é verdadeiramente Igreja de Deus se mantiver laços vivos de comunhão com as outras igrejas locais, igrejas irmãs. Esta comunhão de todas as Igrejas é que faz a Igreja universal e nos torna a todos responsáveis do testemunho que a Igreja, na continuação de Cristo, tem de levar ao mundo. A Missão é pois responsabilidade de cada Igreja local, cada diocese.

A paróquia é, por sua vez, a célula da diocese. Os fiéis inserem-se na diocese por meio da paróquia onde o pároco preside à construção da comunidade dos fiéis como delegado do bispo e incentiva a participação dos fiéis nos diferentes grupos e movimentos, celebrações e encontros, através dos quais a fé se torna viva e fonte de alegria.
Se a paróquia é assim o coração da diocese, e a Missão é responsabilidade da diocese enquanto Igreja local enviada a testemunhar, então tal vocação missionária tem de se concretizar na paróquia, no dinamismo dos seus membros, grupos e movimentos.

Nesta compreensão da Igreja e perante as mudanças da sociedade que já não conta com as referências paroquiais tradicionais, impõem-se à paróquia-Missão ou à Missão da paróquia um conjunto de exigências:
Passar de uma pastoral de conservação a uma pastoral de Missão, de ir ao encontro das pessoas, de semear, porque os cristãos são uma minoria.
Necessidade de conhecer bem a situação concreta das pessoas, seus problemas, anseios e dificuldades. O que exige muita escuta e diálogo, assim como uma atenção particular aos grupos de fronteira: pobres, imigrantes, jovens, etc.
Fazer da paróquia um espaço inclusivo, tolerante e congregador de diferentes pessoas, grupos, tendências e até formas de rezar.
Incentivar a participação e coresponsabilidade de todos os cristãos na vida da paróquia. A evangelização e a Missão é uma responsabilidade comum, mesmo que sejam diferentes as tarefas e os “tarefeiros” que a concretizam.
A preocupação, recrutamento e oração pelas vocações, sobretudo vocações missionárias. A paróquia é autenticamente missionaria quando seu seio, dos seus membros, brotam testemunhas que são expressão da sua vocação missionária e se dispõem a partir por um mês, um ano, ou por toda a vida, ao serviço da Boa Nova do Evangelho, além das suas fronteiras.
Organizar e incentivar o sentimento de solidariedade e de partilha dos membros da comunidade cristã e da sociedade civil envolvente.


Foto: JCF

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