Paulo é um apóstolo que vive sempre na presença de Deus. A oração brota das suas cartas, quase espontaneamente, sobre as mais diversas formas. Nas suas cartas, encontramos um manual completo de todas as formas de oração: acção de graças, bênçãos, doxologias, hinos, intercessão e súplica, contemplação e êxtase.
- Acção de graças – A sua primeira carta, a dos Tessalonicenses, começa com uma oração de graças. É a primeira oração que temos do Novo Testamento. “Damos continuamente graças a Deus por todos vós, recordando-vos sem cessar nas nossas orações” (1 Tes 1, 2). A acção de graças é uma constante com que começam e acabam quase todas as suas cartas.
- Bênçãos. É outro modelo de oração frequente em S. Paulo: “Que o Deus da paz que vos santifica totalmente e que é tudo em vós, espírito, alma e corpo, seja guardado sem mancha até à vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Tes 5,23).
- Doxologias. São as conclusões com que em geral terminam as cartas. É sempre com uma súplica e uma bênção. A mais conhecida é a do final da 2ª Carta aos Coríntios: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco. Ámen” (2 Cor 13,13).
- Hinos. Basta recordar os hinos das cartas aos Romanos e aos Coríntios. O hino do amor de Deus (Rom 8,35-37), o hino da glória a Deus (Rom 11,33-36) ou o Cântico do amor no capítulo 13 da 1ª Carta aos Coríntios.
- Intercessão e súplica. É uma forma de oração muito frequente em Paulo: “Deus me é testemunha de como constantemente me lembro de vós, pedindo sempre nas minhas orações que tenha finalmente ocasião de ir ter convosco, assim Deus o queira” (Rom 1,9-10). Outro exemplo: “Noite e dia dirigimos a Deus as nossa súplicas para que possamos rever o vosso rosto e reparar as dificuldades da vossa fé (1 Tes 3,10).
- Contemplação do mistério. Alguns inícios das cartas são verdadeiramente orações profundas de um contemplativo que mergulha nos mistérios de Deus. Recordemos apenas o “Bendito” com que ele abre a Carta aos Efésios. É sem dúvida a oração de um místico, à maneira do prólogo do evangelho de S. João. “Bendito seja o Deus Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo…
Oração e missão são duas coordenadas inseparáveis em S. Paulo. Paulo dá graças e suplica “sem cessar” (1 Tim 2,2; Rom 1,10) e em “todo o tempo” (1 Cor 1,4; Flm 1,4; Rom 1,10). Diz mesmo que reza “noite e dia” (1 Tes 3,10). As suas exortações vão no mesmo sentido: “Rezai sem cessar” (1 Tes 5, 17), “Sede assíduos à oração”(Rom 12, 12). As expressões “sem cessar” e “em todo o tempo” falam de uma oração regular, segundo as raízes judaicas de Paulo.
Pe. Adélio Torres Neiva, CSSp
In "S. Paulo e a Missão sem Fronteiras" - Ed. LIAM
(Continua no Próximo Post)
Foto: Lúcia Pedrosa
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