sexta-feira, 13 de novembro de 2009

MISSÃO EM MUITAS FRENTES – SALVADOR SANTOS, ESPIRITANO, IRMÃO (CONCLUSÃO)


Regresso ao sul de Angola

Sim, e à primeira oportunidade, já estavam as malas feitas. Voltaria ao Munhino em 1985, em período de guerra total. A quinta produzia muitos bens alimentares que garantiram a sobrevivência do Noviciado Espiritano (lá instalado desde 1986) e matou a fome a muitas pessoas que viviam nas imediações. Quando, em 1995, Angola celebrou 20 anos de independência, o jornal ‘Público’ foi ao Munhino entrevistar o Irmão Salvador que disse: “As populações tratam-nos com muito carinho, com muito reconhecimento. Quando têm necessidades, quando estão aflitas é connosco que vêm ter, não é com os políticos. Se precisam de uma esferográfica, se precisam de um bocadinho de sabão, se precisam de uma peça de roupa, é a nós que se dirigem”. Sobre a situação social das pessoas, o Irmão Salvador reconhece que está mal: “A situação está a deteriorar-se do dia para a noite. Para o fim do ano, até virem as novas colheitas, vai haver muita fome”. Socorrer as vítimas desta guerra foi Missão assumida. Sobre as razões que levam a ficar quanto tudo parece convidar a partir, o Irmão Salvador diz: “Não sei o que nos prende a África. Sofremos, não temos as comodidades que temos em Portugal, não temos televisão, não temos segurança, mas não sabemos viver longe dela. Talvez pela ligação que aqui há às pessoas, à sua afectuosidade, às suas alegrias, às suas dores. É um mistério que nos ultrapassa. Sentimo-nos como que agarrados a isto para sempre”. É isso mesmo, a Missão não larga.

Missão em Lisboa

Portugal é ponto de nova chegada no ano 2000. Chamado à Casa Provincial, em Lisboa, cá está. Ecónomo-adjunto, garante o funcionamento de uma Casa que é Provincial, sede da Animação Missionária e das publicações, Procuradoria das Missões e centro de acolhimento aos Missionários. Enfim, uma grande estrutura que exige do Irmão Salvador muito um compromisso de 24 sobre 24 horas, sem dias nem noites, sem domingos nem feriados. Uma Missão que, mesmo longe das linhas da frente onde ele ainda quer voltar, lhe traz a felicidade de se sentir (e ser) um grande Espiritano com 45 anos de curriculum bem preenchidos.

Texto: Tony Neves - iN Jornal Voz da Verdade - Perfil

Foto: DR

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