Missionário Espiritano há 45 anos, Salvador Santos é Irmão, uma das formas de consagração na Vida Religiosa. Nasceu em Trancoso, na Guarda, em 1943. Tempos duros aqueles marcados pela pobreza que se sentia ainda mais no interior pobre e abandonado do país. Começou a trabalhar muito cedo e muito arduamente, na agricultura e na floresta. Recorda ainda as dificuldades que sentiu quando participou na equipa que abriu um caminho no mato, utilizando só a força humana para derrubar as árvores e rasgar a montanha.
Jovem de fé, sentiu o apelo à missão através de outros missionários que conhecia. Entrou no Seminário do Fraião, em Braga, quando já tinha 18 anos, iniciando a formação na Obra dos Irmãos. Lá professou em 1963, mantendo-se a trabalhar na quinta até 66, data em que foi desafiado a ir até ao Seminário da Silva, em Barcelos, onde funcionava o Noviciado. Explica: “Havia cerca de 20 noviços, apoiados por uma grande quinta que tinha de garantir a sobrevivência desta Obra e ainda apoiar a Missão da Congregação. Foram anos de muito trabalho, de manhã à noite…A minha sorte é que era um jovem e, com a motivação que tinha, as forças nunca faltaram”. Mas, missionário que era, tinha horizontes mais largos e recebeu com grande alegria a notícia da nomeação para Angola.
Munhino, no sul de Angola
A Missão do Munhino, em Sá da Bandeira, no sul de Angola, acolheu-o de braços abertos em 1971. O tempo era de paz e esta Missão tinha uma grande área de cultivo onde o Irmão Salvador investiu forte, sobretudo nos pomares e agricultura. Mas nunca deixou de parte a pastoral. Partilhava as tarefas de evangelização confiadas à Missão, visitando as comunidades, sendo catequista, sobretudo na comunidade do Km 14.
O Seminário da Silva
As férias em 1975, em Portugal, viraram-lhe a vida do avesso. Quando chegou a hora do regresso, as portas de Angola estavam fechadas. Voltou ao Seminário da Silva, agora com novos inquilinos: lá funcionavam também os antigos 6º e 7º anos, correspondentes aos actuais 10º e 11º anos. Foram cinco anos, apesar de tudo, bonitos: “A casa estava cheia, os jovens garantiam vida e animação, partilhavam em algumas das actividades da quinta (vindimas, silagem do milho…) e todos jogávamos futebol e voleibol. Foram tempos fantásticos, mas Angola continuava no coração”.
(CONTINUA DO PRÓXIMO POST...)
Texto: Tony Neves - iN Jornal Voz Verdade - Perfil
Foto: DR
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