sexta-feira, 23 de outubro de 2009

MIGUEL RIBEIRO, MONTE ABRAÃO A 8 DE SETEMBRO, PARA SEMPRE... (CONCLUSÃO)

A ‘voz de Deus’

E aí, no coração de Angola, sentiu que Deus o mandou trocar um futuro de engenheiro pelo de padre. O Miguel conta como foi: ‘Angola vivia então num novo (e espero que definitivo) período de paz, que possibilitou a livre circulação de pessoas, sem medo de cair numa emboscada e serem assaltadas ou morrer. O mesmo aconteceu com os missionários um pouco por toda a Angola. No caso da Missão de Malange, o Padre Manuel Viana que era o Superior, recomeçou a visitar comunidades do interior da diocese onde já não ia há cerca de 5 anos devido à guerra. No regresso, contava-nos a maneira como muita gente caminhava 2-3 dias só para vir ao encontro do missionário que chegava e não podia ir às aldeias todas. Muitas dessas pessoas encontravam-se em situação de grave carência e fisicamente fragilizadas, mas para poder celebrar novamente a Eucaristia, nada disso contava! Aquele relato ficou a fazer-me “comichão na alma”. Pensei que Moisés terá sentido algo parecido quando o Senhor lhe disse no Horeb que escutava o grito do Seu povo. Naquele contexto, o povo de Deus também gritava pois queria celebrar a Eucaristia e não podia por faltarem missionários. A angústia era tanta que mesmo no meio de grave carência física ninguém olhava a dores para poder reviver o momento em que o céu se une à terra no sacramento eucarístico. Ainda tentei, mas não consegui ficar indiferente’.

Missionário para sempre

Regressou a Portugal e entrou no Seminário Espiritano em Setembro de 2003.

No dia 8 de Setembro, emitiu, em Barcelos, os Votos Perpétuos como Missionário do Espírito Santo, com uma presença muito forte da comunidade de Monte Abraão e dos JSF: ‘Sinto uma certa tremideira por me achar perante uma grande responsabilidade ao assumir publicamente que quero viver para sempre os votos de pobreza, castidade e obediência segundo a Regra de Vida Espiritana. É algo impossível de assumir se não existir antes uma caminhada de fé e uma grande vontade de abandono à vontade de Deus’.

Quanto ao futuro, não faz planos:Não sei se o meu futuro será em Angola, na China ou em Portugal. Espero apenas que a Igreja local onde eu trabalhar encontre em mim alguém sempre disponível para servir. Não vai ser fácil, mas já sei como se faz: é na comunhão com Jesus Cristo!

Texto: Tony Neves - iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

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