Um dos problemas que afectam o ser humano é a dispersão. Na verdade, há pessoas que, apesar de muito andarem, nunca chegam a lado nenhum; correm constantemente de um lugar para outro, profissional e afectivamente, de emprego para emprego, de relação para relação. Na Igreja também há gente assim: cristãos que nunca estão felizes com o lugar que ocupam, com o serviço que prestam ou com a função que exercem. O mesmo acontece, às vezes, na vida missionária: há gente em constante movimento. Hoje estão, por exemplo, na Nova Guiné, amanhã no Brasil, depois de amanhã na Nigéria e logo a seguir na China; hoje pertencem a esta comunidade, amanhã àquela e depois a outra.
Estes missionários estão em permanente atitude de mudança que pouco ou nada tem a ver com a disponibilidade e o desprendimento evangélicos. A dificuldade em chegar ao destino incapacita-os para criar raízes, aprender a língua e os costumes do povo. Não têm tempo para levar a cabo um trabalho com dedicação, princípio, meio e fim. Quando não se chega verdadeiramente ao destino, não se podem criar raízes, estabelecer laços de comunhão e não se pode amar profundamente o povo a quem Deus nos enviou. A missão pode, mesmo assim, ser mediática, espectacular e até heróica; mas, infelizmente, pouco relevante. É pertinente recordar a este propósito as palavras de Jesus “onde estiver o vosso tesouro, aí estará o vosso coração” (Lc 12, 34). Estas palavras poderão ser relidas no sentido de que enquanto o povo e a terra para onde fomos enviados não for o nosso tesouro, o nosso coração estará sempre ausente.
Sem comentários:
Enviar um comentário