quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

SER MISSIONÁRIO - 5ª PARTE


3- Ser missionário é chegar

Uma das dificuldades inerentes à vida missionária está relacionada com a chegada ao destino, pois pode acontecer que o missionário, tendo deixado a sua terra natal, nunca chegue ao seu destino. Assim, diremos que o terceiro passo do caminho missionário é chegar. O missionário que chega é recebido por um povo diferente do seu e aprende a sentir-se em casa na sua nova terra. Neste sentido, será muito difícil alguém ser missionário se não se sentir bem junto daqueles a quem foi enviado. Alcançar esta meta pode levar anos, como relata São José Freinademetz numa carta dirigida à sua família, em Abtei, dando conta, não só das dificuldades e dos sacrifícios que encontrara ao chegar à China, mas também da sua nova atitude depois de já ter vivido sete anos na China: “Garanto-vos honesta e sinceramente que eu amo a China e os chineses e estou pronto para sofrer mil mortes por causa deles. Evidentemente, há sempre a possibilidade de os meus superiores me chamarem para o Seminário na Áustria, como mencionei numa carta anterior. A minha resposta naquela ocasião foi: naturalmente eu serei obediente até à morte, mas o maior sacrifício que me poderiam pedir seria chamarem-me para a Europa. Agora que eu tenho menos dificuldades com a língua e conheço melhor as pessoas e a sua maneira de viver, a China tornou-se não só a minha pátria, mas o campo de batalha no qual um dia tombarei… Tivesse eu de regressar a Abtei, sentir-me-ia lá como um estrangeiro. Já estou na China há sete anos e, se for da vontade de Deus, estou disposto a permanecer aqui setenta ou mais.”[1]

Quando se ama o povo e a terra que nos acolhe, poderemos dizer que uma grande parte do trabalho missionário já está a ser realizado. As palavras de Jesus aos discípulos enviados em missão são, também, a este respeito palavras de sabedoria convidando à inserção plena no meio de quem nos acolhe: “em qualquer casa em que entrardes  ficai nela até partirdes dali” (Mc 6, 10).


[1] Ibidem, 106.

Texto: Pe. José Antunes

Continua no próximo post...

Foto: DR/Arquivo

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