1 - Ser missionário é ser enviado
Em primeiro lugar, ser missionário é ser enviado. O missionário é enviado por alguém e em nome de alguém, pois ninguém se envia a si próprio. Jesus Cristo foi o primeiro enviado em missão. Enviado pelo Pai para ser a luz do mundo, veio não para condenar o mundo mas para o salvar (Jo 12, 47). Na sua vida e na sua missão cumpriu continuamente a vontade do Pai. Cristo, enviado como Luz do mundo, deu corpo à profecia de Isaías (cf. Lc. 4, 17-19): veio trazer a Boa Nova aos pobres, anunciar a libertação aos prisioneiros, dar vista aos cegos, pôr em liberdade os oprimidos e proclamar um tempo de graça do Senhor.
No seguimento de Jesus, o missionário toma, em primeiro lugar, consciência da sua condição de enviado e das consequências daí decorrentes. O enviado coloca-se à disposição de quem o envia para assim poder levar a cabo a tarefa que lhe foi confiada. O missionário não se anuncia a si mesmo, nem substitui a missão que lhe foi entregue por objectivos meramente pessoais, por mais importantes que estes sejam.
Em segundo lugar, devemos perguntar para onde, e para quê, são enviados os missionários. Na linguagem dos evangelhos sinópticos, os discípulos são enviados, por Cristo, a todos os povos (Mt 28, 19). Hoje, como ontem, os missionários de hoje são enviados a toda a gente, sem restrições, pois a messe é da vastidão do mundo. Tal como os primeiros discípulos, os missionários são enviados para dar continuidade à missão de Jesus. No evangelho de São João, Jesus envia os discípulos em missão, no contexto de uma das suas aparições após a Ressurreição e em espírito de paz: “E Ele voltou a dizer-lhes outra vez: ‘A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós’” (Jo 20, 21). Somos, deste modo, enviados como mensageiros da paz e do perdão, chamados a testemunhar - não tanto por palavras, mas pela forma de estar e de viver com os outros, sobretudo com aqueles que nos são estranhos - que Deus veio trazer a alegria e a salvação a todo o mundo. Os evangelhos sinópticos apresentam o envio com outra linguagem: Os discípulos, também num contexto pascal, são enviados para anunciar a Boa Nova, ensinar e baptizar toda a gente (Mt 28, 18-20; Mc 16, 15-18). Estes relatos pós-pascais têm de ser lidos como uma espécie de síntese geral da acção missionária da Igreja primitiva.
Pe. José Antunes
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