quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

JOSÉ GASPAR, MISSIONÁRIO EM ANGOLA, PORTUGAL E... MISSÃO DE LISBOA Á AMAZÓNIA

Angola acolheu-o no tempo colonial e, depois, quando a guerra estava ao rubro. Anunciou o Evangelho, apoiou os pobres, formou seminaristas e leigos, escapou a uma emboscada. Em Portugal, dividiu a missão pela Formação, Animação Missionária e ‘Justiça e Paz’. Abriu, aos 63 anos, uma nova página do seu vasto curriculum missionário. A Amazónia recebeu-o esta semana, de braços abertos.

Angola, primeiro amor

Angola recebeu a generosidade e o fogo dos primeiros anos de Missionário Espiritano. Lá chegou em 1971: ’Conheci tempos de paz. Então, deixava a residência da Missão e ia, de aldeia em aldeia, visitar os cristãos. Dormia por lá, seroava à volta da fogueira, adormecia tranquilo e acordava com o despertar da natureza’.

Missão a norte

Chegou a Portugal em 1975. Dividiu a sua missão pela animação missionária e, sobretudo, pela formação de futuros padres, como director do Seminário Menor Espiritano em Viana do Castelo e do Seminário Maior de Filosofia em Braga. Com a paixão pela Missão que lhe ardia na alma, conseguiu libertar-se dos trabalhos aqui e voltou ao Huambo. Estávamos nos tempos quentes de 1986, com a guerra na máxima força.

Emboscada em Angola

A sua Missão passava muito pela formação, com uma aposta forte na Filosofia e Humanidades: ‘com a guerra civil já muito acesa, voltei para leccionar no Seminário Interdiocesano de Cristo Rei e colaborar na formação dos seminaristas espiritanos. Foram tempos muito difíceis; rezava para não deixar embotar a sensibilidade, tal o sofrimento à minha volta’.

Os riscos da missão em tempo de guerra podem ser bem maiores. Quem arrisca fazer-se à estrada, candidata-se a fazer a última viagem. Foi quase o que aconteceu naquele 25 de Agosto de 1988, data que o P. Gaspar não esquecerá nunca: ‘caí numa emboscada da Unita, a meio caminho de Benguela para o Huambo. Foi terrível, acima de tudo porque houve 10 mortes de pessoas indefesas. Não sei como saí ileso, com o carro todo cravado de balas e de estilhaços de granadas. Na minha oração perguntava a Deus porquê eu e não os outros. Acho que tenho uma dívida enorme a saldar, a da minha vida e também a de não ter ficado traumatizado, para além da riqueza de tantas pessoas e coisas boas, ou não fossem as flores mais belas as que vêm rodeadas de espinhos’.

(CONTINUA NO PRÓXIMO POST...)

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: Tony Neves

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