2. E processo de globalização é dominado por uma economia de mercado. Procura-se satisfazer o consumo imediato e criam-se necessidades para fomentar esse consumo. Assim, continuamente são lançados modelos novos que anulam os anteriores: máquinas, carros, electrodomésticos, produtos alimentares. A vida útil de uma máquina da primeira revolução industrial era de 50 anos; depois passou para vinte; hoje é de três anos. 50 por cento dos produtos que fazem o nosso quotidiano alimentar, não existiam há 25 anos atrás.
3. Este novo modelo de mercado fez com que se passasse da especialização à integração. O produto que vai para o mercado deixou de ser monopólio de um grupo ou de um pais, para ser o resultado de numerosas intervenções, de todo um conjunto diversificado de multinacionais, que alimentam as suas sedes em vários países. Este sistema faz circular a riqueza cada vez mais entre os países ricos, deixando de parte os mais pobres; estes só interessam como mão de obra barata: ou se sujeitam ou são excluídos.
4. Passou-se do muro ideológico ao muro económico. Se há hoje um dado indiscutível é que a miséria e a riqueza continuam a aumentar no mundo, assim como cresce o fosso que separa os dois. Esse fosso não é apenas uma distância económica entre a pobreza e a riqueza, mas manifesta-se pela construção de muros ou fronteiras entre os países pobres e os países ricos. A União Europeia e os Estados Unidos consolidam-se como uma fortaleza, fechando as portas aos imigrantes , militarizam as suas fronteiras e expulsam para os seus países de origem aqueles que eles mesmos ajudaram a empobrecer e que se vêm agora obrigados a emigrar para sobreviver. Por forca destes muros, há países com estoques de produtos a prazo que são destruídos por o prazo ter terminado e outros a morrer de fome.
5. Passou-se da opressão à exclusão. A economia mundial dirigida por elites financeiras exclui do processo todos os que não podem competir. Dezenas de milhões de desempregados nunca mais encontrarão trabalho, porque foram substituídos pelas novas tecnologias. Uma boa parte da humanidade já não serve nem sequer para ser explorada. A evolução da tecnologia torna sumamente precária a profissão que se aprendeu. Hoje já não há profissões para a vida inteira e as industrias ou se reciclam ou ficam excluídas da concorrência do mercado.
6. A mundialização da economia e dos mercados teve como efeito uma crescente migração dos povos excluídos do processo, um êxodo dos países pobres para os países ricos, dos campos para as grandes cidades que se tornam cada vez mais refugio de todas as periferias. A cidade tornou-se o porto de refúgio onde se agudizam todos os problemas: a solidão, a promiscuidade, a prostituição, a droga, o desemprego, a violência, o crime. Por um lado, a emigração mistura as populações, as raças e as culturas, provocando uma nova forma de pluralismo étnico, cultural e religioso; por outro este pluralismo toma-se espaço de conflitos sociais e fronteira de exclusão, como acontece em todos os países de maior fluxo migratório.
7. A degradação do ambiente. O primado dos valores da produção leva a minimizar os valores da gratuidade, as pessoas não rentáveis economicamente, a degradação do ambiente, o consumo de recursos não renováveis. Cada dia que passa desaparece uma espécie vegetal que precisa de milhares de anos para ser recuperada.
(CONTINUA NO PRÓXIMO POST...)
Texto: Pe. Adélio Torres Neiva
Foto: DR
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