quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A MISSÃO EM TEMPO DE GLOBALIZAÇÃO - Conclusão


Os novos horizontes da missão

1. Os novos modelos desta sociedade global são cada vez mais construídos a margem de qualquer referência religiosa. As antigas mediações por onde passava a fé: a família, a escola, a cultura, o meio, deixaram de os ser. O número dos que não conhecem a Deus esta em contínuo aumento, duplicou desde o Concílio para cá, como diz João Paulo II. Assim neste mundo secularizado, a necessidade de uma primeira evangelização é cada vez mais urgente.

2. Diante da uniformização dos padrões culturais veiculados pelas grandes potências, os povos tornam-se cada vez mais sensíveis à defesa dos seus próprios valores. Assim, o anúncio do Evangelho passa pelo respeito pela diferença e pela defesa dos seus valores culturais, pela promoção da sua identidade. Evangelizar, mais que convencer, é respeitar, escutar e acolher .

3. A lei do mercado acentua a clivagem entre ricos e pobres. A globalização da economia acabou por excluir os que não podem competir. Anunciar o Evangelho neste contexto emerge cada vez mais como opção pelos excluídos. Hoje não basta ajudar, é preciso lutar pela dignidade dos pobres, defender os seus direitos, contra todas as forcas que os oprimem. A justiça e a paz são hoje os grandes desafios da missão.

4. A sociedade actual está toda organizada em função do consumo. Os próprios valores culturais tomaram-se produtos de consumo. Esta atmosfera anula todo o espaço para os valores da gratuidade e da pessoa como tal. Todos os valores não rentáveis são marginalizados: os espaços verdes, a criança, a pessoa idosa, a contemplação. Anunciar hoje o evangelho tem muito a ver com o regresso ao jardim da criação, onde Deus marca encontro com o homem, a defesa da identidade da pessoa, a beleza das arvores e a escola das flores.

5. Os meios de comunicação tomaram-se instrumentos ao serviço do poder de manipulação dos valores. As decisões politicas, económicas e sociais passam pela manipulação dos media. A sociedade mediática cria dependências. Como testemunhas do Reino, é-nos pedido para fazermos dos meios de comunicação areópagos da Boa Nova da informação, da comunhão entre as pessoas. João Paulo II fala deles como primeiro espaço da missão de hoje.

6. As rupturas nas tradições, as intervenções violentas dos mecanismos do mercado, a publicidade e a competição económica, levaram às perda de referências sólidas, ao culto da violência. A missão neste contexto passa pela promoção da reconciliação, pela defesa dos direitos dos mais débeis. As periferias, as situações de conflito, os campos de refugiados, as franjas de exclusão e de marginalização São mais que outras a “terra de missão”, nos tempos de hoje.

Texto: Pe. Adélio Torres Neiva

Foto: OMP

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