sexta-feira, 19 de março de 2010

FAUSTINO MONTEIRO, FORMADOR DE VOLUNTÁRIOS – INFORMÁTICO E MISSIONÁRIO

Nasceu nas montanhas de Santo Antão, em Cabo Verde, mas veio aos quatro anos para Portugal. Viveu as dificuldades da vida de qualquer imigrante. Formou-se como Engenheiro Informático. Fez duas Missões em Angola e passará esta Páscoa em Moçambique. Foi Presidente dos Jovens Sem Fronteiras e da ONGD Sol Sem Fronteiras. É membro da Equipa do Voluntariado Espiritano.

Dois mundos, dois caminhos

Entrou na Faculdade e nos Jovens Sem Fronteiras ao mesmo tempo, abrindo, na sua vida, dois caminhos que nunca abandonou: ‘dois mundos que se abriram à minha frente. Um que me dotava de uma maior consciência universal e sem fronteiras e outro que mergulhava na tecnologia, que por vezes me parecia fria e distante, um mundo um pouco fechado sobre si mesmo. Da mesma forma que se pode ficar míope quando se focam os olhos durante demasiado tempo para um ecrã, pode-se ficar míope para o mundo real quando se vive em demasia uma realidade virtual’.

Huambo e Kalandula

Embora a sua Engenharia seja outra (não é Civil!), o Faustino é construtor de ‘pontes’, ele mesmo fruto de uma relação África-Europa. Ao candidatar-se a uma experiência de Voluntariado Misionário, foi Angola que lhe saiu na ‘rifa’: ‘conhecia um pouco da realidade: as missões (através sobretudo dos missionários espiritanos), os povos, a guerra... Da primeira vez no Huambo, em 1997, vivia-se uma espécie de paz armada. Retenho na memória as muitas histórias que nos contavam: histórias de coragem, de resistência, de testemunho de fé, de compromisso. Essa experiência tornou-me bastante mais sensível aos problemas dos outros, sobretudo aos que vivem na outra margem. A margem onde se encontram os excluídos, os explorados, os que contam muito pouco na lógica actual do mundo. Em 2003 regressei, desta vez a Kalandula, Malange. Uma missão mais do interior, onde, apesar dos muitos problemas, se respirava liberdade e onde redescobria a beleza das coisas simples.

Das duas experiências, retenho a visão que a janela do avião me proporcionava. Esta ideia de ser sem fronteiras: um olhar que do alto se deixa apaixonar e junto das pessoas partilha essa visão. Um olhar que sonha e que do sonho procura realizar. Um ‘olhar mais longe’, mas que foca mais de perto o coração da humanidade’.

(CONTINUA NO PRÓXIMO POST...)

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

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