De Sernancelhe ao Bié
Sernancelhe, na Diocese de Lamego, foi a terra que o viu nascer em 1937. Passou por diversos Seminários Espiritanos até ser Ordenado Padre em 1961. Estava a guerra colonial a rebentar quando chegou a Angola. Dividiu os seus quase 50 anos de Padre e de Missionário em Angola, pelas Dioceses do Huambo e do Kuito-Bié, no planalto central de Angola.
Até 1974, trabalhou sempre no interior, numa missão de promoção dos angolanos, ajudando a formar muitos dos que hoje são os quadros mais influentes da política, da economia e da cultura em Angola.
Tudo de complicou com a guerra civil. Decidiu ficar, por qualquer preço e partilhar a sorte e a má sorte de um povo que os combates iam martirizando.
Os últimos 25 anos viveu-os no Kuito-Bié (ex-Silva Porto), terra por onde a guerra passou e arrasou.
Kuito 1993
O ano 1993 foi de tragédia. A cidade esteve cercada e bombardeada quase um ano inteiro: ‘começaram os flagelamentos indiscriminados sobre a cidade a 6 de Janeiro. Em Agosto, o espaço ocupado pela tropa do governo era extremamente reduzido. O Paço Episcopal, onde eu permaneci, estava à beira da rua principal da cidade. Muitas pessoas morreram de fome, em minas e rebentamentos. O Kuito foi sendo reduzido a escombros, onde se refugiavam as pessoas. Algumas partes do Paço arderam. Nele estavam refugiadas cerca de 80 pessoas, incluindo o Bispo e seus Missionários. Às 5 da manhã do dia 21 de Agosto, as tropas entraram da UNITA entraram com toda a violência e tiraram de lá, à força, o Bispo e o pessoal missionário. Levaram-nos a todos para uma base de mato e, dali, seguimos para a Missão do Chinguar’.
Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil
Foto: DR
Sem comentários:
Enviar um comentário