sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

ANTÓNIO LEITE, VERBITA, MISSIONÁRIO NA ARGENTINA – MISSÃO DOS ANDES A LISBOA


A altitude de Jujuy, na Cordilheira dos Andes, deu-lhe pulmões para uma Missão de muita persistência e resistência. Simples e directo no trato e na palavra, o P. António Leite é formador de futuros Verbitas e animador missionário onde for convidado a intervir. Córdoba, Santa Fé, Jujuy, Roma, Guimarães e Lisboa são as estações de uma Via-Sacra Missionária deste homem de Deus que pertence a uma Congregação que trabalha há 60 anos em Portugal.

Das terras de Basto...

Santa Tecla, em Celorico de Basto viu-o nascer há 49 anos. Entrou no Seminário dos Verbitas, em Guimarães e a sua caminhada até à Ordenação (1986) não parou mais. Fez os estudos de Filosofia e Teologia na Universidade Católica em Lisboa.

Nomeado para a Argentina, foi antes a Espanha preparar-se para enfrentar os desafios de uma nova língua. E partiu...

A paixão pela Argentina

Estava quase a cair o Muro de Berlim quando, em 1989, o P. Leite levantou voo rumo a Buenos Aires. Conta como foram os primeiros tempos de Missão: ‘vivi o primeiro ano num dos bairros do subúrbio da cidade de Córdoba, a maior depois da capital. Era a altura da chamada hiper-inflação (quando cheguei o dólar estava a 66 austrais (moeda da altura) e passado um ano 1 dólar já valia 10.000 austrais). Até que, tal como noutros países, teve que mudar a moeda’.

De Córdoba partiu para a Província de Santa Fé, região de planícies e grandes extensões e, mais tarde, rumou para o extremo norte do país, lá na fronteira com a Bolívia e com o Chile: a Província de Jujuy. Partilha: ‘Foram os melhores anos da minha vida: desafio cultural, religioso, físico… pois estava na Região dos Andes, de grandes altitudes. Vivíamos a 2.000 mts e daí subíamos até quase aos 4.200 mts, percorrendo a montanha para a visita a pequenas comunidades dispersas. Lá só se podia chegar a pé ou a cavalo, andando horas e horas!. O Povo Kolla que, tal como outras populações indígenas, foi posto à margem. Foi o tempo de caminhar com um tipo de Igreja profundamente laical. Algumas comunidades eram visitadas pelo sacerdote, uma ou duas vezes por ano. E, no entanto, essas mesmas comunidades, convocadas pelo seu animador, reuniam-se semanal ou quinzenalmente à volta da Palavra. Recordo, entre tantos aspectos, que uma animadora de comunidade aprendeu a ler com a Bíblia na mão. E, mais tarde, era ela a convocar a comunidade’.

Foram tempos difíceis a acompanhar um povo excluído. O Padre via-se envolvido nas lutas pela sobrevivência e pelos direitos humanos. Tentava entrar na cultura destes povos, perceber os seus ritos e símbolos. Acompanhava as comunidades na sua luta pela terra. Aprendia a escutar o silêncio das montanhas!

Partilha, com dor, o que foi viver a morte do pai longe da família: ‘possivelmente dos momentos mais fortes dos meus anos na Argentina’.

Após dez anos de intensa e feliz Missão, regressou a Portugal, não sabendo bem se lhe custou mais deixar Portugal em 1989 ou a Argentina em 1998.

(CONTINUA NO PRÓXIMO POST...)

Texto: Tony Neves iN Jornal Voz Verdade - Perfil

Foto: DR

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