Presenças e ausências
O Congresso missionário exerceu um notável apelo na Igreja portuguesa e reuniu cerca de um milhar de pessoas: muitos membros dos institutos missionários e religiosos, e um grande número de leigos, na sua maioria a eles ligados. Algumas dioceses marcaram presença, com os seus bispos, párocos e membros de grupos de leigos. Os jovens estiveram presentes em grande número, confirmando que o mundo juvenil, do voluntariado e laicado missionários, continua a dar mostras de vitalidade.
As oportunidades para a participação activa dos congressistas na reflexão e aprofundamentos dos temas não foram muitas. Foi sobretudo no ateliê por dioceses que eles puderam reagir mais espontaneamente às temáticas apresentadas e à situação da missão cristã no contexto das paróquias e dioceses. Os momentos de partilha das experiências dos leigos e voluntários alargaram a participação dos leigos e sublinharam o valor do seu testemunho e das suas iniciativas missionárias.
Os participantes representavam mais os institutos missionários e os grupos a eles ligados do que as dioceses. Párocos, grupos paroquiais, a participar neste congresso foram poucos, o que acentuou a distância que existe entre estas iniciativas missionárias (as anuais Jornadas Missionárias e este congresso) e as dioceses e as paróquias. Como encurtar esta distância e interessar mais os párocos e grupos paroquiais pela missão? Como ajudar os institutos
O congresso interessou-se pelo laicado e voluntariado missionários promovendo uma «feira do voluntariado», uma exposição sobre os vários grupos e actividades, e sobretudo dedicando uma reflexão de fundo «aos novos espaços dos leigos na missão». A reflexão foi oferecida pela P.e Vaz Pinto, SJ, que, a partir do itinerário percorrido pelos Leigos para o Desenvolvimento, desmascarou as «pseudovocações» (romanticismo, aventureirismo, fugas várias… em que se podem enredar os jovens) e acentuou a necessidade da formação e preparação para a missão, tanto em termos de formação cristã como profissional. O desafio para os leigos é «não partir para criar dependências, mas independências», ajudar as pessoas a serem autónomas, aliando sempre «o serviço da fé com a promoção da justiça».
Em termos de participantes, os párocos e as paróquias não foram os únicos ausentes. Grandes ausentes foram igualmente as novas comunidades e movimentos, que são também protagonistas da missão cristã no mundo, ao proporem caminhos novos de anúncio e de iniciação cristã. Os institutos missionários, as dioceses e paróquias tendem a olhá-los com desconfiança, mas tanto o papa actual como o seu antecessor sugeriram uma linha de unidade e diálogo entre os responsáveis eclesiais (bispos e padres), os institutos missionários e religiosos, por um lado, e as novas comunidades e movimentos, por outro. Realizações como esta poderiam ser ocasiões para aprofundar esse desejado diálogo e unidade, em vistas e em nome da missão cristã. Neste congresso de 2008, os movimentos estiveram representados pela presença de um casal dos Focolares, que partilharam o método e os caminhos de anúncio e formação cristã típicos deste movimento.
Pe. MANUEL FERREIRA
Missionário Comboniano
Texto: Revista Além Mar (Outubro 2008)
Foto: João Cláudio Fernandes
(Fim do Post)
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