terça-feira, 19 de agosto de 2008

A MISSÃO E A PARTILHA DOS TESOUROS DAS IGREJAS

Palavra de Paulo: 1ª Cor 16, 5 até ao fim

Uma das constantes da teologia missionária de hoje é a leitura da missão como comunhão de Igrejas. S. Paulo aparecia, nas comunidades que fundara, como o ministro da comunhão, aquele que punha as Igrejas em comunhão umas com as outras: não era de nenhuma Igreja em particular mas pertencia a todas: era um elo de ligação entre todas as comunidades.

1. A comunhão na Igreja das origens

Esta é uma das constantes na Igreja dos Actos do Apóstolos: a preocupação por ligar toda a actividade missionária à comunidade, sobretudo à Igreja mãe de Jerusalém. A comunidade segue o apostolado de Filipe na Samaria e depois o de Pedro na borda do mar. Assim, Pedro e João vão à Samaria, para pôr em comunhão a Igreja que aí nascia pela evangelização de Filipe (Actos 8, 5-14). E é em comunhão que os catecúmenos evangelizados por Filipe recebem o Espírito Santo. Pedro e João impõem as suas mãos aos novos baptizados, para lhes conferir o Espírito Santo (Actos 8, 15-17). Comunidades novas não podem nascer senão em comunhão com a Igreja Mãe. Pedro baptizando Cornélio e a sua família, por um imperativo claro nascido da visão que lhe tira as últimas resistências, sente necessidade de obter a aprovação da comunidade (Actos 11).

Quando é fundada a Igreja de Antioquia, mercê de circunstâncias um pouco fortuitas, de novo a comunidade de Jerusalém se sente interpelada a fazer a comunhão, enviando para isso um homem de confiança, Barnabé. Por outro lado, a comunhão é recíproca, pois que logo que a comunidade de Antioquia teve conhecimento da necessidade em que se encontra a Igreja de Jerusalém, envia para lá socorros (Actos 11, 27-30).

E quando se trata ainda de saber os dados da evangelização a fazer, é em comunidade que o assunto é estudado. A narração de Lucas sobre as deliberações do concílio de Jerusalém deixam supor que houve várias reuniões preparatórias. Uma assembleia plenária faz primeiro surgir um problema levantado em Antioquia (Actos 15, 4-5), em seguida uma reunião restrita de delgados de Antioquia com os dirigentes de Jerusalém: os apóstolos e os anciãos (Actos 15,6); daí sairá o comunicado redigido em nome dos apóstolos e os anciãos de Jerusalém (15,23; 16,4). Enfim uma nova assembleia geral no decurso da qual, “os apóstolos e os anciãos com toda a Igreja, decidiram enviar uma delegação a Antioquia”. Toda a comunidade e não só os dirigentes são chamados a intervir no estatuto que deve regular a comunhão entre as duas Igrejas.


Pe. Adélio Torres Neiva, CSSp
In "S. Paulo e a Missão sem Fronteiras" - Ed. LIAM
(Continua no próximo Post)
Foto: DR

Sem comentários: