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Há temas que a agenda do mundo nos impõe. Este é, por uma boa razão, um deles. 2011 é o Ano Europeu do Voluntariado e este é uma das expressões mais históricas e mais evangélicas do testemunho cristão. O ‘dar de graça o que de graça se recebeu’ é um apelo que atravessou os dois mil anos de história do Cristianismo, deixando um rasto de serviço, sobretudo, a favor dos mais pobres. Ao assumir o tema ‘Voluntariado e Missão’, as Jornadas Missionárias Nacionais, a realizar na Igreja da Santíssima Trindade, (Cripta – Convívio Santo Agostinho) de 16 a 18 de Setembro, querem dar o seu contributo à reflexão sobre a gratuidade do serviço da Igreja aos mais desfavorecidos das nossas sociedades.
Programa
As três grandes conferências tentam abranger as três grandes dimensões do Voluntariado hoje: ‘Voluntariado e desafios de cidadania’ abordará o sentido mais amplo desta disponibilidade para estar ao serviço da comunidade; ‘Voluntariado e nova consciência social’ trará uma abordagem mais focada nas experiências de Igreja no âmbito do serviço social que a Igreja presta; ‘Voluntariado com Missão’ incide na missão dos leigos que deixam a sua terra, a sua família e as suas seguranças aqui para oferecerem um, dois ou mais anos de vida numa Missão fora de portas. Haverá três painéis de testemunhos em primeira pessoa, partilhando o Voluntariado que se faz nos compromissos sociais, na evangelização aqui e na missão lá fora. Num tempo marcado pelo lucro, pelo sucesso e por uma perspectiva de vida individualista, o Voluntariado é um grande serviço prestado á humanidade, é um sinal de amor aos outros, sobretudo aos mais excluídos do nosso mundo.
Voluntariado Missionário
O Voluntariado Missionário está a fazer, em Portugal, uma ‘revolução silenciosa’ na Igreja e na sociedade. Foi em 1988 que um grupo de Jovens Sem Fronteiras foi enviado ao interior da Guiné-Bissau para cavar os alicerces da Escola Sem Fronteiras de Caio – Tubebe, no meio da etnia manjaca. Foi nesse mesmo ano de 1988 que o primeiro grupo de Leigos para o Desenvolvimento montaram a sua tenda em terras de S. Tomé e Príncipe para nunca mais de lá saírem. E depois partiram para Moçambique, para Timor, para Angola. O Voluntariado Missionário é uma revolução na missão da Igreja por diversas razões. A primeira é porque se dá um legítimo protagonismo aos leigos que também têm o direito (e o dever) de partir para aquelas que foram chamadas as ‘linhas da frente da Missão’, outrora um exclusivo para membros consagrados de Institutos Missionários; o voluntariado missionário está a fazer uma revolução na Igreja porque envolve maias as famílias, as sociedades e as comunidades paroquiais. Quando partia o padre ou a Irmã, quase só o Instituto e os familiares directos davam por isso. Hoje, com a partida de leigos, as famílias sentem-se envolvidas, umas apoiam e outras colocam dificuldades, mas o certo é que ninguém fica indiferente. E – talvez o mais significativo – na hora do regresso, a partilha do testemunho e o envolvimento de familiares e amigos em projectos, faz com que a missão fique mais próxima das pessoas. O anúncio deste Evangelho libertador de todas as formas de opressão ganha um impacto mais forte quando os leigos se envolvem de alma e coração e levam para a missão o que sabem fazer e a fé que lhes vai no coração. O Voluntariado Missionário é, na actualidade, um dos rostos mais visíveis da intervenção criativa da Igreja na evangelização, sobretudo com a participação dos jovens. Hoje há cerca de 40 instituições que preparam, enviam e acolhem no regresso Leigos (jovens e menos jovens) que partem em Missão. Há uma nova onda missionária que não rebenta com a antiga, mas ajuda a aumentar o dinamismo no mar da Missão hoje.
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Pe. Manuel Durães Barbosa, CSSp Director Nacional OMP